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Re: Café com Versos
Administrador
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2/10/2021 14:11
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É com muita satisfação que faço parte deste projeto. Já há algum tempo que sentia que fazia falta um espaço no site onde os utilizadores do Luso-Poemas pudessem trocar impressões "de viva voz" sobre aquilo que os motiva e apaixona na Poesia.

Agradeço a todos os que deixaram aqui os seus comentários, nomeadamente à Aline, ao Alemtagus e ao Rogério, que aceitaram o desafio de participar nesta primeira sessão. Deixo também o meu reconhecimento à administração do Luso-Poemas, pela disponibilidade que teve em acolher esta ideia e pela confiança que depositou em nós para a implementar.

Em particular, agradeço à HorrorisCausa. Todos sabemos que é uma pessoa especial, pela qualidade da sua escrita, pela perspicácia das suas intervenções e pelo seu humor contagiante. Para além disso tudo, graças a este projeto, pude contactar com outras características desta nossa companheira: paciência, perseverança e um forte sentido comunitário, sendo capaz de agregar vontades e estimular o que têm de melhor as pessoas que constituem os grupos de que faz parte. Para além de uma humildade desconcertante, que é um exemplo inspirador para mim e para quem com ela convive.

Graças a estas qualidades é que foi possível avançar para um desafio como este, sem que tivéssemos qualquer tipo de experiência, aceitando expor as nossas fragilidades enquanto vozes-mediadoras dos nossos convidados. Acho que atingimos os nossos principais objetivos, sendo certo que ainda há muito para melhorar.

Votos de um novo ano com muita inspiração!

Criado em: 2/1 8:50
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Café com Versos - FORMULÁRIO
Administrador
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2/10/2021 14:11
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Formulário para inscrição no "Café com Versos":
https://tinyurl.com/cafecomversos

Criado em: 2/1 8:49
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"manobra de heimlich" p/ R. Beça
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2/10/2021 14:11
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Pois, cá está mais uma análise extraordinária, a fazer inveja de quem tem o mesmo gosto de ler, reler e devanear sobre os versos dos outros.
Independentemente da qualidade dos poemas, consegues sempre essa magia de "conversar" com os outros leitores, passando-lhes esse entusiasmo pelas palavras que faz tanta falta nos dias de hoje.
Obrigadíssimo, irmão.

Criado em: 9/12 11:24
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Re: A Música que nos inspira
Administrador
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2/10/2021 14:11
Mensagens: 422
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And when we die
Oh, will we be
That disappointed
Or sad

If heaven doesn't exist
What will we have missed
This life is the best we've ever had



Criado em: 3/12 15:31
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Livros favoritos - "As Cidades Invisíveis" p/ HorrorisCausa
Administrador
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2/10/2021 14:11
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Pois, já se viu que temos de fazer um clube de leitura do Calvino :)
O link para o programa na RTP Play é o seguinte:
https://www.rtp.pt/play/p12474/seis-propostas-para-este-milenio

Criado em: 24/11/2023 18:38
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Livros favoritos - "As Cidades Invisíveis" p/ RicardoC
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2/10/2021 14:11
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"uma felicidade rara dentre as muitas que Ítalo Calvino nos presenteou com sua obra"

Sem dúvida, meu caro Ricardo. Tantas obras extraordinárias! "Se numa noite de Inverno um viajante" e a trilogia "Os nossos antepassados" são também maravilhosos.
Aquele abraço!

Criado em: 24/11/2023 18:00
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Livros favoritos - "As Cidades Invisíveis", de Italo Calvino
Administrador
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2/10/2021 14:11
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No próximo dia 20 de novembro, estreia na RTP3 um novo programa da jornalista Anabela Mota Ribeiro, que já nos trouxe anteriormente pequenos tesouros televisivos como o "Curso de Cultura Geral" ou "Os Filhos da Madrugada", em que conversava com convidados de luxo sobre os mais variados temas.

Este novo programa chama-se "Seis Propostas para este Milénio" e é baseado na obra (quase) homónima de um escritor que adoro, chamado Italo Calvino, que teria completado em outubro passado a idade de 100 anos (faleceu em 1985).

Por coincidência, estou a reler o livro dele de que mais gosto, intitulado "As Cidades Invisíveis". Não sei bem como classificá-lo. Tem a densidade de um romance, mas não é romance; tem a fragmentação de um livro de contos, mas os seus textos não são contos; tem a tendência analítica e reflexiva das crónicas, mas não é uma compilação de crónicas.

O ponto de partida começa por ter fundo histórico – o diálogo entre o célebre viajante Marco Polo e o chefe supremo do império mongol, Kublai Khan. Rapidamente, esta conversa, centrada nas cidades por onde passou o veneziano, se transforma em pura fantasia. A cada nova cidade que apresenta, surgem aos nossos olhos comportamentos e situações que – sendo impossíveis – desenham um quadro extraordinário sobre a natureza humana.

Uma das vantagens do livro é que a descrição de cada cidade encerra em si uma ideia-chave, o que permite completa liberdade na leitura da obra (que é uma das características dos livros de Calvino). Desta vez, resolvi começar a ler do fim para o início, para dar mais atenção às narrativas finais, não tão presentes na minha memória.

Por exemplo, temos a cidade de Tecla, que está em permanente construção, para impedir que – estando terminada – se inicie a sua decadência. Ou a cidade de Eusápia (que inspirou um dos meus poemas), uma dupla cidade, em que vivos e mortos copiam os comportamentos uns dos outros. Ou a cidade de Leónia, que vive de permanentes novidades, o que provoca o acumular gigantesco daquilo que fica obsoleto e que, por vezes, engole as cidades vizinhas...

Fica a sugestão do livro e do programa. Espero que gostem.

Criado em: 18/11/2023 12:44
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Re: A Música que nos inspira p/ bruxinhas
Administrador
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2/10/2021 14:11
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Feiticeira que se preze ouve Agnes Obel.

"The curse ruled from the underground, down by the shore
And their hope grew with a hunger to live unlike before..."


(também tive o privilégio de a ver o ano passado no Theatro Circo, uma sala que me tem dado tantas alegrias)

Criado em: 11/11/2023 11:22
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Re: A Música que nos inspira
Administrador
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2/10/2021 14:11
Mensagens: 422
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Ontem fui ver o Devendra Banhart ao Theatro Circo de Braga e foi uma surpresa muito boa. As canções dele, em álbum, nem sempre são muito entusiasmantes, mas em palco ganharam outra vida (como acontece com tantos outros artistas).

Esta aqui em baixo é uma das minhas preferidas embora não tenha feito parte do alinhamento da noite passada. Conta com a colaboração de Vashti Bunyan, uma cantautora inglesa que muito aprecio.



"Now I’m longing for the word
The one I’ve never known..."


Criado em: 9/11/2023 15:59
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Comentário a quatro poemas de Absalao
Administrador
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2/10/2021 14:11
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Link para o perfil do autor

8

no delírio azul
das madrugadas
bebo o sangue último
das estrelas

e vejo o teu nome
renascer
nas partituras
do tempo futuro
- aurora

-----------------------------

9

nas vísceras
do chão

plumas dispersas

eterno idioma
do caos

-----------------------------

10

tenho imensos vácuos
no peito

nos pulmões
albergo a vertical ousadia
das aves

sou o grito
da nuvem talhando
seu último voo

-----------------------------

11

sugo com a língua
o fogo líquido
que te habita a ilha

em deleite
somos o verbo
que bebe a voz
acesa das pétalas

o enigma
que cavalga
as auréolas das nuvens

-----------------------------


Percurso de leitura nº 22 (se quiser conhecer os anteriores, fica aqui o link)

Absalao é o nome do utilizador Fernando Absalão Chaúque, poeta moçambicano que faz dez anos que nos acompanha no Luso-Poemas. Publicou apenas doze poemas, mas todos eles valem bem a pena.
Este “professor, escritor e blogger” tem, nas informações de contato, o endereço de um site designado “Tenacidade das Palavras”, em que publica textos seus e de outros escritores de Moçambique. O link é o seguinte, caso desejem fazer uma visita: http://tenacidadedaspalavras.blogspot.com

O Luso-Poemas é um espaço que tem dado voz a muitos poetas portugueses e brasileiros, mas efetivamente não temos encontrado por aqui o mesmo número de poetas africanos ou de outras paragens, como Timor. É pena, pois ganhamos todos muitíssimo com o conhecimento da diversidade de vozes do universo poético lusófono.

Esta introdução não quer dizer que Absalao seja propriamente um poeta muito marcado por uma identidade africana. Não veremos por aqui o exotismo que — de forma superficial, temos de admitir — frequentemente associamos ao continente africano.
Pelo contrário, há nestes textos algo de “atópico”, não identificado com um lugar em específico, mas revelador da experiência humana universal. Basta verificar que qualquer um destes poemas poderia ser traduzido para uma outra língua sem perder muito do seu poder expressivo.

Os poemas que selecionámos para comentar são, na minha opinião, um bom retrato da sua personalidade poética: discreta, despretensiosa, contida na sua emotividade, mas com um encanto e um mistério que conquistam à primeira leitura.
Os títulos são um bom exemplo deste caráter comedido do poeta: os textos são identificados por meros números, como se os versos se sucedessem naturalmente uns aos outros, sem a necessidade de algo que lhes distinga a temática.

Até na forma, esta poesia é modesta: os poemas são normalmente breves, divididos em estrofes de um a cinco versos, de métrica variável mas também curta, sem rima. Quase que nos permite uma leitura global à primeira visão, ganhando muito, obviamente, em termos de fruição, com múltiplas leituras em diversas direções, parando aqui e ali para contemplar um pormenor e vê-lo depois no seu conjunto.

Selecionei quatro poemas, todos publicados neste ano de 2023.

Para começar, destacaria um lado que, à falta de melhor palavra, chamaríamos “etéreo”, pelas referências visuais ao “delírio azul / das madrugadas”, à “aurora”, às “estrelas”, às “plumas” e às “aves”, bem como às “nuvens” em “auréola” — um fundo subtil, tranquilo, natural, quase impercetível, para enquadrar a presença do “eu”, que traz um lado disruptivo de interferência nesta moldura quase imaterial.

De facto, a característica que, em segundo lugar, me surge com maior nitidez é a corporalidade da presença do “eu”. Quero com este termo designar o recurso a um campo lexical diretamente ligado à experiência fisiológica, com palavras como “sangue”, “vísceras”, “pulmões”, “língua”. Todas elas remetem para a aproximação da realidade psíquica do “eu” à matéria orgânica de que é feito, como se deixasse penetrar o mundo que o rodeia no invólucro que é o seu corpo, suporte da vida que reconhece dentro e fora de si.

Ocorre então uma espécie de osmose do sujeito poético com a natureza — as madrugadas são vividas em “delírio”; as estrelas interessam pelo “sangue último” que o sujeito sorve; das aves, diz que “nos pulmões / albergo a vertical ousadia”; quanto à nuvem, ele é o “grito” do seu ”último voo”. Há uma faceta perversa de provocação, de afronta à harmonia, de risco de perda, que ensombra e, ao mesmo tempo, vivifica este aparente madrigal.

Por breves instantes, aparece um “tu” — alguém ou alguma coisa que concede esperança, que permite a renovação ao “eterno idioma / do caos” pronunciado pelo “eu”: note-se que, no poema 8, o “nome” desse destinatário é que permite “renascer / nas partituras / do tempo futuro”.
Esse “tu” também é um espaço de sensualidade: no poema 11, constitui-se como o “fogo líquido” de uma “ilha” — arquétipo universal do paraíso perdido — onde se “bebe a voz / acesa das pétalas” e os dois indivíduos se transformam num plural (“nós”), convertendo-se simultaneamente em palavras (“somos o verbo”).

Termino aqui esta breve resenha, com o desejo pessoal de que surjam por aqui mais poetas como Absalao, que nos permitam conhecer um pouco melhor a diversidade da poesia que se escreve nos países de expressão portuguesa, que no fundo é uma das principais razões de ser do Luso-Poemas.

Criado em: 2/11/2023 21:24
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