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Re: Técnica para Prosa Moderna, segundo Jack Kerouac
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
Tenho seguido com alguma atenção os seus escritos que denotam sobretudo não só preparo mas também temas que podem ajudar quem lê quem escreve até proporcionando futuras procuras individuais para outros horizontes outras leituras.

Raymond Chandler, e por mais que os puristas digam que a literatura policial é um género de literatura inferior (eu não o acho, apenas opiniões), escreveu “escritor que detesta escrever, que não tem alegria na criação de mágica com as palavras, para mim simplesmente não é um escritor”

Parece-me que esta frase define o escritor moderno , como o conhecimento da Língua, como o conhecimento do vocabulário, porque é com esse conhecimento que se pode redigir “de forma selvagem, indisciplinada, pura, que venha de dentro”, quanto ao “mais louca melhor” coloco algumas reticências”.

Porque não sei o que é escrever com loucura. Como acabei de ler o “Cemitério de Praga” de Umberto Eco, onde apesar da loucura das personagens,dos complots, assassinato, falsificações, jesuítas, judeus, maçons, a escrita do autor obriga o leitor a ter alguns conhecimentos sobre a língua, a escrita, a história, até mesmo o estilo clássico e não moderno dessa mesma escrita, será esta a loucura?

E que dizer da “Viagem do Elefante” um texto circunscrito a um determinado periodo histórico, onde toda a modernidade da escrita de Saramago está presente? Será esta a loucura?

Quanto ao resto são opiniões que respeito, podendo discordar, pois cada um tem a sua própria técnica de escrever.

Por vezes penso naquele que escreveu “secánevassefaziassecáski, e como é diferente de escrever “se cá nevasse fazia-se cá ski”.
É como este meu comentário que começou sem virgulas há quem diga que servem para respirar e acaba da mesma maneira será loucura modernidade ou ambas? Para mim apenas é um comentário.
Obrigado.

Abraço-te

Criado em: 14/1/2012 3:07
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"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
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Re: Para nunca esquecer o que é poesia - um pouco de T.S.Eliot
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755

A questão aqui colocada, parece-me de extrema importância, a tradução, até porque muitos dos tradutores (talvez todos) se tornam eles mesmo escritores, poetas. (caso de Ivan Junqueira)

Ivan Junqueira diz “T.S.Eliot - o poeta, o crítico, o ensaísta, o dramaturgo - encarna uma das mais estranhas e poderosas permanências literárias de nossa época. Estranha, porque foi ele, acima de qualquer outro, o escritor contemporâneo que mais conscientemente buscou, na tradição cultural do passado, o sentido de um tempo presente que, por estar sempre vindo a sê-lo, fosse também futuro; poderosa, porque sua obra, a um só tempo clássica e moderna, revolucionária e reacionária, realista e metafísica, está na própria raiz que informa e conforma a mentalidade poética de nossos dias, tendo exercido fecunda e duradoura influência sobre todas as gerações que se formaram a partir de 1930. “

e mais adiante “Esse encontro com Pound teria decisiva influência na vida e na carreira literária de Eliot, para quem o poeta de The Cantos era, além de il miglior fabbro, "um crítico maravilhoso, porque não transformava a obra alheia numa imitação dele mesmo." O acesso, ainda que breve e superficial, à correspondência de Pound permite-nos concluir, aliás, o quanto foi vertical e benéfica sua intervenção em alguns dos manuscritos de Eliot, sobretudo no de The Waste Land, que constitui uma verdadeira aula de poética. Ainda que em pólo totalmente distinto, é também curioso observar - como atestam depoimentos de alguns de seus contemporâneos em Harvard, entre os quais Stuart Chase e Walter Lippmann -, que, já nessa época, Eliot se distinguia pelo fato de comportar-se como "um inglês em tudo e por tudo, a não ser pelo sotaque e pela nacionalidade". Era como se o poeta já trouxesse dentro de si as matrizes espirituais e culturais de sua futura cidadania britânica e de seu visceral anglicismo.” (culturapara.art.br)

Sem dúvida estamos perante uma verdadeira aula de poética no “The Waste Land”, e como aula poética, o leitor, ou o tradutor, têm de ter a liberdade quer da leitura, quer da própria compreensão do que o poema lhe transmite. Reparo por exemplo que a tradução de Ivan Junqueira “corajosa” como refere o Poeta Carlos Teixeira Luís, em certos passos se torna perfeitamente “à la lettre”, cito o exemplo:
“Madame Sosostris, célebre vidente, 
Contraiu incurável resfriado; ainda assim, 
É conhecida como a mulher mais sábia da Europa, 
Com seu trêfego baralho. Esta aqui, disse ela, 
É tua carta, a do Marinheiro Fenício Afogado. 
(Estas são as pérolas que foram seus olhos. Olha!) 
Eis aqui Beladona, a Madona dos Rochedos, 
A Senhora das Situações. “,

Original

Madame Sosostris, famous clairvoyante,
Had a bad cold, nevertheless
Is known to be the wisest woman in Europe,
With a wicked pack of cards. Here, said she,
Is your card, the drowned Phoenician Sailor,
(Those are pearls that were his eyes. Look!)
Here is Belladonna, the Lady of the Rocks,
The lady of situations.
Here is the man with three staves, and here the Wheel,

Pareceu-me, no entanto que a tradução de Gualter Cunha se estende de uma forma mais perceptível, isto é o tradutor não arriscou em demasia.
Gualter Cunha refere na sua introdução ao poema The Waste Land de T. S. Eliot (A Terra Devastada, T. S. Eliot, Relógio d’Água, Agosto de 1999) que quando “(…) o interrogaram, numa entrevista, sobre as suas intenções em The Waste Land, Eliot, que para além de tudo foi um dos mais rigorosos e influentes críticos literários do seu tempo, respondeu: «Eu sei lá o que é que intenção quer dizer! Uma pessoa quer é ver-se livre de alguma coisa que lhe pesa no peito. Não sabemos que coisa nos pesa no peito antes de a conseguirmos tirar de lá.» (…)” Picasso afirmou o mesmo mas de outra forma: «(…) Se sabemos exatamente o que vamos fazer, para quê fazê-lo? Se sabemos, deixa de ter interesse. Mais vale fazer outra coisa! (…)”

Cada tradutor tem a sua própria interpretação do texto, sentimento, alma, o que lhe quiserem chamar, mas que este Poema é uma aula Poética, disso não tenho dúvida.
Por fim, não acho que uma tradução seja melhor ou pior que a outra, são em minha opinião leituras diferentes, sentires diferentes deste Poema.
Deixo aqui a minha leitura pessoal, um pouco diferente de ambos os tradutores.



O Enterro da morte

Abril é o mês mais cruel, gerando
Lilases fora da terra morta, misturando
Memória e desejo, estimulando
Encobertas raízes com a chuva da primavera
O Inverno manteve-nos quentes, cobrindo
A Terra da esquecida neve, alimentando
Uma pequena vida com secos tubérculos.
O Verão surpreendeu-nos ...


Original
APRIL is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.
Winter kept us warm, covering
Earth in forgetful snow, feeding
A little life with dried tubers.
Summer surprised us, coming over the Starnbergersee
With a shower of rain; we stopped in the colonnade,
And went on in sunlight, into the Hofgarten,
And drank coffee, and talked for an hour.


"Para nunca esquecer o que é Poesia", Obrigado.

Abraço

Criado em: 8/1/2012 4:44
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Re: Aos residentes na região da Grande Lisboa
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
Poeta, gostaria de estar presente, mas encontro-me na outra margem do Atlântico.
Desejo-lhe os maiores sucessos.

Abraço-te

Criado em: 8/11/2011 4:21
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Re: Lançamento do livro "Cont(r)o_Versus" de Fernanda Esteves
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
Iria sim, se não estivesse um pouco longe, na outra margem do oceano.
Desejo-te todos os maiores sucessos.


Abraço-te

Criado em: 4/11/2011 6:09
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Re: Crítica, análise e comentário literário
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
No resumo concordo consigo em relação ao texto que postou.
Apenas ressalto outro aspecto que aparece referido sutilmente, a impressão pessoal de quem emite a critica ou o comentário, ou analisa.

Como o texto, a critica/análise/comentário deve ter principio, meio e fim, mas a compreensão de quem lê pode não ser a mesma de quem escreve até por variados aspectos (sociais, culturais, ambientais, até mesmo sensibilidade, etc.,).
A maneira como o autor coloca as palavras, ou o significado próprio que lhes dá, pode ser interpretado de outra maneira, dando, até por vezes, oportunidade a leituras diferentes do que ele quis dizer. (e não quer dizer que se esteja na frente de um mau texto, ou de um mau comentário), é a versatilidade da própria língua portuguesa.

Acredito que a critica/análise/comentário, qualquer um, para além dos aspectos que citou, tem sempre uma forte componente pessoal, quer na análise, quer na interpretação (o que se torna mais difícil em poesia que no romance, conto, por exemplo).

Felicito por ter colocado este texto.

Abraço-te

Criado em: 1/9/2011 2:31
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Re: 1º FESTIVAL DE MÚSICA ECOLÓGICA DE NITERÓI
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
"Silenciar jamais..."

Irei torcer por si...

Abraço te

Criado em: 2/8/2011 20:40
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Re: Divulgando!
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
Olá

Seguirei com todo o prazer.

Abraço te

Criado em: 20/7/2011 3:07
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Re: Para mudar Portugal - 2
Membro de honra
Membro desde:
2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
Concordo consigo, em relação à vocação atlântica de Portugal. Depois do 25 de Abril de 1974 seguimos o sonho europeu, por tradição dos emigrantes, dos que fugiam da ditadura (e da guerra,)até mesmo de intelectuais, principalmente da nova classe política que tomou o poder então, e com poucas mudanças o mantém até hoje. Não seguimos a vocação original, onde o ditado "de Espanha nem bom vento, nem bom casamento", era quase lei Acredito que será no mar que estará o futuro de Portugal, mas, em equilíbrio com a CEE, que efectivamente foi fundamental, por parte do desenvolvimento em Portugal.

Aproveito, e coloco aqui, um texto de Nicolau Santos publicado na revista up da TAP, e que me veio parar ao hotmail:

"Eu conheço um país

Que em 30 anos passou de uma das piores taxas de mortalidade infantil (80 por mil) para a quarta mais baixa taxa a nível mundial (3 por mil).

Que em oito anos construiu o segundo mais importante registo europeu de dadores de medula óssea, indispensável no combate às doenças leucémicas.

Que é líder mundial no transplante de fígado e está em segundo lugar no transplante de rins. Que é líder mundial na aplicação de implantes imediatos e próteses dentárias fixas para desdentados totais.

Que tem um dos 10 melhores serviços públicos de Saúde do mundo. O desconhecimento da realidade nos países que por vezes pensamos ser mais desenvolvidos que o nosso, faz com que digamos mal do serviço publico de Saúde Português.

Eu conheço um país

Que tem uma empresa que desenvolveu um software para eliminação do papel enquanto suporte do registo clínico nos hospitais (Alert), outra

Que é uma das maiores empresas ibéricas na informatização de farmácias(Glint) e outra

Que inventou o primeiro antiepilético de raiz portuguesa (Bial).

Eu conheço um país

Que é líder mundial no sector da energia renovável e o quarto maior produtor de energia eólica do mundo,

Que também está a construir o maior plano de barragens (dez) a nível europeu (EDP).

Eu conheço um país

Que inventou e desenvolveu o primeiro sistema mundial de pagamentos pré-pagos para telemóveis (PT),

Que é líder mundial em software de identificação (NDrive),

Que tem uma empresa que corrige e detecta as falhas do sistema informático da NASA (Critical) e

Que tem a melhor incubadora de empresas do mundo (Instituto Pedro Nunes da Universidade de Coimbra)

Eu conheço um país

Que calça cem milhões de pessoas em todo o mundo e que produz o segundo calçado mais caro a nível planetário, logo a seguir ao italiano.

E que fabrica lençóis inovadores, com diferentes odores e propriedades
anti-germes, onde dormem, por exemplo, 30 milhões de americanos.

Eu conheço um país

Que é o «state of art» nos moldes de plástico e líder mundial de tecnologia de transformadores de energia (Efacec) e

Que revolucionou o conceito do papel higiénico(Renova).

Eu conheço um país

Que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial
Tem o melhor sistema de transferências electrónicas do mundo.

Os melhores sistemas de banca electrónica ao serviço do cliente.

Que desenvolveu um sistema inovador de pagar nas portagens das auto-estradas, parques de estacionamento e asolineiras. (Via Verde).

Eu conheço um país

Que revolucionou o sector da distribuição, que ganha prémios pela construção de centros comerciais noutros países (Sonae Sierra) e

Que lidera destacadíssimo o sector do «hard-discount» na Polónia (Jerónimo Martins).

Eu conheço um país

Que fabrica os fatos de banho que pulverizaram recordes nos Jogos Olímpicos de Pequim,

Que vestiu dez das selecções hípicas que estiveram nesses Jogos,

Que é o maior produtor mundial de caiaques para desporto,

Que tem uma das melhores selecções de futebol do mundo, o melhor
treinador do planeta (José Mourinho) e um dos melhores jogadores (Cristiano Ronaldo).

Eu conheço um país

Que tem um Prémio Nobel da Literatura , uma das mais
notáveis intérpretes de Mozart (Maria João Pires) e vários pintores e escultores reconhecidos internacionalmente (Paula Rego, Júlio Pomar,Maria Helena Vieira da Silva, João Cutileiro).

Que tem dois prémios Pritzker de arquitectura (Sisa Vieira e Souto Moura).

Que tem uma costa maravilhosa, banhado por um mar limpo e com um Sol que faz inveja a toda a Europa.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste país aquele em que vive ou que se prepara para visitar. Este país é Portugal. Tem tudo o que está escrito acima, mais um sol maravilhoso, uma luz deslumbrante,praias fabulosas, óptima gastronomia. Bem-vindo a este país que não conhece: PORTUGAL"

Este texto vale o que vale, mesmo com o folclore todo do Nicolau Santos, mas parece me que, Portugal quer hoje como ontem, continua muito dependente de Velhos do Restelo (agora novos), de Sebastianismos envoltos em nevoeiros cerrados, e que precisa, sobretudo, de governantes e lideres que também sejam motivadores, ideias novas, porque não ideais novos, para que se cumpra parte do Hino "Levantai hoje de novo".

25 de Abril, Sempre!

Abraço te

Criado em: 12/5/2011 2:53
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Re: Escritores Clássicos - Como Participar?
Membro de honra
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2/1/2011 21:31
De Lisboa (a bombordo do Rio Tejo)
Mensagens: 3755
e quando..poetas consagrados...não aparecem...na listagem...dou como exemplo:

Daniel Faria (1971-1999)
Nuno Rocha Morais (1973-2008)

Que fazer?

Abraço te

Criado em: 6/4/2011 20:15
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