"não pense em fazer arte, apenas faça. deixe que outras pessoas decidam se é boa ou ruim, se elas amam ou odeiam. enquanto decidem, faça ainda mais arte."

- andy warhol

há coisas feitas tão óbvias; mesmo assim fazem tanto sucesso como arte. porque; se nem arte é?

O Caio,

em sua homenagem e com muito gosto vou entrar nessa discussão. Digo isso porque Vc já comentou que este cantinho é especial. Os debates são mesmo deliciosos, com vaidade ou sem(melhor sem), com veemência ou não e por aí vai...
Adoro essa discussão: Para quê arte?
Tenho uma certa convicção na minha resposta e, vou adorar receber suas refutações ou de outros. Vou esquentar este espaço, ok?
Só que, no momento, vou lhe deixar na curiosidade. É que tenho que ir em dois lugares agora. O primeiro é cuidar dessa dor de barriga. O segundo é mais sério. Vou resolver um lance por aqui. Mas volto. Aguarde. Desculpa a crueldade, não resisto, cara. Aí Zesil, tô na cola, Tô na sombra do teu cérebro de poeta..hehe...vorto já.

Milton

cara, podia até ir ao Google pra encher mais a linguiça, mas não. artista autodidata que sou, sempre apoiei-me em que; arte é toda expressão cultural.

meu abraço caRIOca.

Não há boa arte e má arte - há Arte, simplesmente. O resto são questões de gosto ou preconceito.

Será que posso citar o famigerado Nietzsche sem passar a ideia de arrogância? Além de gostar desse doido, o homem tem umas patadas vigorosas, que concordo no conteúdo e na forma ácida do maluco. Ele diz: “Não existe a coisa moral, mas uma interpretação moral da coisa”
Acho isso perfeito. O que dizer da arte, então? Penso no mesmo diapasão. A arte está nos olhos de quem vê. Vocês lembram de um maluco que expôs uma latrina em sua mostra de esculturas? Achei aquilo uma patada na boca do estômago. O cara questionou lindamente e acidamente a coisa toda. Deu o que falar. É do tempo meu e do Zesil, não é do Caio que é muito mais jovem, mas talvez o Caio saiba dessa parada esquizofrênica.
E sobre a utilidade da arte. Aí tenho uma conjectura muito firme, mas não irrefutável, quem sou eu, afinal.
Para quem pratica a arte é uma terapêutica para o equacionamento do seu transcendente e, para quem observa a arte, também. Tem, isso mesmo, utilidade terapêutica. Tô amesquinhando a arte? Não. O que é mais importante e nobre para a vida, senão Ela mesma, a vida. Pois, a arte está a serviço da vida. Nada mais nobre.
Alguém já leu algo sobre a brasileira Nice da Silveira? Sou fã. Essa senhora usava a arte para curar seus pacientes, era psiquiatra. Abriu correspondências com Jung, que ficou muito interessado no seu trabalho, porque surtia efeitos bem claros, observáveis.
Depois disso, minha convicção é reforçada pelos depoimentos de espíritos que foram psicografados, mas aí, vão me massacrar dizendo que não é científico e coisa e tal. E, eu, vou defender o lado científico dessa parada com unhas e dentes, por isso paro aqui.
Essa é minha opinião, o que penso e sinto a respeito.

PAZ!


MF.

Na minha opinião, é difícil conceituar arte na atualidade. Por muito tempo, a arte foi considerada uma representação da realidade. Não era a realidade em si, mas um objeto sobre outro objeto, a representação de um fenômeno. Depois de pronta, passava, é claro, a fazer parte dessa mesma realidade que buscou representar, mas, ao invés de possuir um caráter prático de utensílio, ela levava os indivíduos a uma reflexão sobre a realidade representada e às sensações que o belo e o sublime provocam em nossa sensibilidade através da perfeição das formas. Em suma, um objeto artístico não mantinha identidade com o mundo prático dos utensílios, sendo a sua finalidade não ter qualquer finalidade aparente, tornando-se, portanto, um construto diverso de objetos como uma faca, uma cadeira ou uma mesa. A princípio, a arte foi considerada como mera imitação da realidade, mas o tempo e os artistas que se sucediam provaram que a arte não era mera imitação ou cópia, mas, sobretudo, uma deformação da realidade, fruto da imaginação de quem a concebera, podendo, a princípio, portanto, não estabelecer qualquer relação com a realidade mais imediata da nossa civilização e natureza. Depois das vanguardas européias, entretanto, o conceito de arte como representação, imitação ou mesmo deformação da realidade foi posto abaixo. Quando Marcel Duchamp expôs nas galerias de arte de Nova York um objeto que não passava de um mictório que podia ser encontrado em qualquer banheiro público da cidade e o chamou de “A Fonte”, o conceito de arte como representação da realidade, fruto da imaginação e do trabalho intelectual e manual do artista, deixou de ter validade. Na verdade, com isso, Duchamp demonstrou que a arte perdera a aura e que a função do artista se restringia, agora, a reconhecer elementos da nossa realidade e quotidiano que, a princípio não são artísticos, e transportá-los para o mundo da arte. Daí, nasceu, em arte, o conceito de ready-made, ou seja, da arte que já nasce pronta. Em suma, depois de Duchamp, ninguém mais faz arte. Ao artista caberia apenas identificar objetos que lhe despertassem a atenção e a curiosidade e que poderiam passar por um reinvestimento sígnico e simbólico por parte de quem os observasse. O artista passou a ser aquele que se torna capaz de perceber nos objetos do nosso quotidiano determinado potencial artístico, seja num urinol ou numa roda de bicicleta. Parece-me que, através do conceito de ready-made, Duchamp mostrou também a íntima relação que hoje a arte mantém com a indústria por meio do design, da moda e da arquitetura, o que desembocou na arte pop praticada pelo próprio Wahrol. Não acredito, portanto, que exista, a priori, uma essência da arte, mas creio que, a posteriori, determinadas obras tornam-se essenciais. Grande abraço a todos.

caio. carioca ou em qualquer parte. para funkeiros deve ser; inclusive o tropicalíssimo baiano Caetano, que se diz agora também adepto.
eu não, me sinto que 'aprochegado' ao verso/ritmo/rima e poesia, fico com o rap. aliás; rappers e sambistas tem tudo a ver.

ah! patativa e alselmo, antagônicos, mas são bons exemplos, sendo que ao meu olhar a arte do patativa (lembro que trabalhada na minha época de colégio numa aula de literatura) eu considero mais abrangente e de cariz literário mais contextualizado. (brasilidades)

aquele abraço caRIOca.