[ poesia é felicidade ]


quando
a vigília
se torna
um sonho

um instante
precioso
silencioso
de inspiração

sou feliz...

o sonho
abrolhado
é a estética
da alegria

que abraça
amorosa
toda minha
criação...

sou poesia...

grito, sim!

e o voo da gaivota desperta
a criação da lembrança
que navega na memória
dos tempos de outrora
em mim...

quero sossegar deste vazio
esquecer e adormecer
no crepúsculo que me invade
trazendo outra noite
tão, assim...

renascer no ventre deste nada
seguir o curso da vida, aceitá-la
vida esta que se estende no devir
beiral imperioso
deste fim...

Não pertenço aqui

Não sou da terra
Nem do mar
Viajo p'lo infinito...


Sou o âmbar antigo
Incrustado
Na resina sem idade


O elixir da vida
Para sempre
Perdido


... e da alquimia
O segredo
Ainda por desvendar...


Sou o almocreve
Do tempo


Um mago errante
Que busca
P'la encantada

Mágica planície
Dos seus sonhos...

Ri-se o Universo,
Não está mais só
Ao acaso...

Da sua alegria
Brotaram as estrelas
E os astros...

Entes surgidos
Dos reflexos [ou faíscas]
Do seu sorriso...

Não conhece lágrimas
Nem o vão desespero
[humanos] ...

Um planeta belo, azul
Pleno de seres
Tão ingratos...

Criaram as dores
Para si e para os seus
Semelhantes ...

Demandam,
Continuamente

De onde viemos?
Para onde vamos?

Corpo? Alma?

Só teorias tolas
Abstratas

Tudo é nada ...

Mas,

O Universo responde
De mãos postas
Agastado...

- Aproveitem o milagre
Do meu sorriso

Nascer,viver e morrer
É a única resposta

Importa?

Já não me enganam
Os lobos manhosos
E as raposas
De olhos doces
Com quem me cruzo
Nos caminhos

Conheço-lhes o cheiro
Na distância de milhas
Ainda que disfarçados
Venham
De cachorrinhos
Inofensivos...

Desenganem-se!
São matilhas de cães raivosos
Escanzelados
Esfaimados
E de aguçadas dentuças
Prontas a esfacelar
Quem lhes ofereça perigo

Cuidado!
São ferozes
Devorarão a carne
E enterrarão os ossos
Para mais tarde...

Até o pobre coitado
Que (e pensando ser da sua espécie)
Certa vez
Caiu no erro
E lhes lambeu as feridas...

gente nova, velhos ódios
e muito ressentimento
querem todos, nesse pódio
decantar com sentimento

ah se fossem ódios somente
a corroer o âmago da gente
desde que há humanidade.
outro mal tão voraz e vão
tal qual ele se faz flagrante
se deformado pela vaidade.
o infectado só se vê ‘mais grande’
é ego mor, altaneiro e pujante
reles ser a repudiar o ignorante.
tem apenas o regozijo solitário
nada e ninguém mais é importante
nas mãos; o troféu de intolerante...

você que não tem mais nada o que fazer,
põe-te a fazer uma bomba
que seja uma bomba do tamanha da tua intolerância e ego
para destruir os poetas de duas ou mais terras


faz uma bomba
com 100 textos com 235 palavraurânioironias enriquecidas
mais 90 por cento de intolerância
contaminem corações e almas
transformem as palavras em pó
faz explodir tudo
deixando lugares inabitáveis por décadas
que seja destruída mais uma Hiroshima e Nagasaki

Poema em gota de chuva.
Autor: Carlos Henrique Rangel

Não escreverei em papel
Esse vulgar instrumento
De tantos poetas.
Quero escrever no novo
No difícil mundo das águas...
Escreverei em uma gota de chuva.
Poema descartável
Sobre a pequena gota de chuva...
Quero mais...
Escreverei em gota acontecendo
Não em gota adormecida em planos.
Será o poema dos poemas
A novidade do ano...
Poemas em gotas de chuva...
Soa quase insano...
Mas seria lindo sair à rua
E receber versos úmidos
No rosto...
O mundo banhado de poemas...
Pisaria poças de poesia...
Letras gotejando dos telhados...
Sonetos desfilando em enxurradas...
Lindas moças com cabelos úmidos
De versos de amor...
Já decidi.
Escreverei em gotas de chuva...
Quem sabe surja algum seguidor...

O vento não dá tréguas
as águas do Tejo em rebuliço
debaixo do passadiço
os meus pés cansados
os meus olhos a tentar
esboçar alguns momentos
que são ainda desejos matinais
no laminar da corrente
agora mais calma
calada e desnorteada