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Re: proposta luso-poética
Membro de honra
Membro desde:
20/5/2008 17:39
De Porto
Mensagens: 2999
RoqueSilveira.... não sei que luzes te iluminaram e quanto tiveste que viajar no tempo, para nos compilares teorias e factos tão valiosos... mas tenho que te agradecer cada milímetro da viagem (da tua e da minha/nossa). Encontrei no teu artigo muitas (não direi verdades, porque em poesia nem sequer há verdades, há algo transcendental acima disso, uma procura, um ideal...) que me roçaram as minhas mais profundas crenças.

Como o Caio, sou uma experimentadora, também - à força de tanto me dizerem que Poesia é mais transpiração que inspiração, vou por aí, meço, invento, moldo, peso, ginastico, transpiro - crio. Mas a essência da minha veia poética é (quem me conhece, sabe) não suor, mas água de livre nascente, com uma pitadinha de sal, às vezes; com uma pitadinha de açúcar, outras; e ainda outras com um cheirinho de especiarias Mas sempre espontânea, de fácil compreensão e fundamentada pela procura da (minha) Verdade, do Belo, da Via para chegar ao melhor e mais essencial das emoções humanas;
-
por isso tanto gostei de saber que não sou a única a perseguir o tal conceito impalpável do Belo e do Canto...

Obrigada, Conceição.

&

Mudando agora para a caixinha do Caio , e sobre a minha sugestão ingénua:

Pois é!!! Nem me lembrei que o tio Google é muito bisbilhoteiro e iria dar pulinhos de contente por nos estragar a brincadeira!...

Mas um concurso por mês, diversificando o tema e a vertente, é muito interessante, reitero.

Quanto à sua pergunta/desafio... ui, isso, se a tanto me ajudasse o tempo e o engenho, daria para meia hora de conversa... eheh. Mas vou talvez voltar, com um bocadinho mais de tempo no bolso, para tentar deixar a minha opinião do que pode ser "um pouco de nós".

Boa tarde!



Tear-se (??!!)

Se-arte.




Criado em: 23/11/2012 13:07
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Re: proposta luso-poética
Membro de honra
Membro desde:
20/5/2008 17:39
De Porto
Mensagens: 2999
Voltando para tentar dizer do que se deixa, escrevendo de si o que nos serve:

Escrever é um exercício que nos explica (aos outros) e que nos tenta explicar (a nós próprios). Praticamo-lo frequentemente, seja no recato de uma missiva, no desabafo de um diário, no prosaísmo de um discurso, na divagação de uma nota de rodapé...

Escrever Poesia é um sacrifício (doce) que nos isola (a nós próprios) e que nos eleva (perante os outros). Almas-poetas são almas penantes, são olhadas de revés - "poeta?... é louco!". Pronto, posso estar a exagerar um bocadinho. Mas queria eu dizer que escrever (ou julgar escrever) Poesia é um risco ainda não bem calculado em valores de sanidade, nos dias que correm :) .
Mas, durante longos séculos, Um Poeta era um ser do círculo dos deuses. Isto, se tivesse a sorte de conquistar uma musa, a coragem de submeter as suas epopeias e odes ao rigorosíssimo critério de deuses, reis e imperadores, ou a heroicidade de arriscar a vida para salvar uma sua obra.
Depois, veio a Internet, vieram os blogs, os sites de Poesia. Veio o Luso-Poemas. Em boa hora! Democratizou-se a escrita, formaram-se núcleos de fama, de reconhecimento, de amizade, de partilha, de aprendizagem. (De outras coisas também, mas isso agora não interessa nada, todas as grandes revoluções têm efeitos colaterias).

O slogan "Deixe um pouco de si", incentivou quem amava a
escrita mais ou menos platonicamente, a passar essa paixão para o papel (digo, tela). E passou a "amador" (ou a amante!) da escrita. E passou a deixar de si (a dar-lhe, mais ou menos carnalmente)o pouco (ou o muito) que de si considerava melhor...

Se foi mesmo o melhor, só talvez o tempo o dirá. Ou talvez nem o próprio tempo - nos tempos que correm já nem só as musas são madrinhas, há padrinhos de outras espécies, mais pagãs. Mas fica "o pouco" - o que permitiu aprender, conhecer as próprias capacidades, fazer amigos, progredir, diversificar visões, ensinar, também.

"Deixar um pouco de si" escrevendo, pode ser muito, às vezes. Pode ser catarse, terapia, oportunidade, lição, entrosamento.

Pode ser uma Via para se chegar a Poeta. Ou um entretenimento. Ou uma distracção: mas há sempre, nessa gente que se expõe a "deixar um pouco de si" o ingénuo sonho de atingir o Belo, acredito.


Criado em: 24/11/2012 2:52
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Re: proposta luso-poética
Membro de honra
Membro desde:
20/5/2008 17:39
De Porto
Mensagens: 2999
"Deixe um pouco de si",
mas não demasiado,
o segredo do sushi
é ser bem doseado.



Criado em: 25/11/2012 16:00
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Re: proposta luso-poética
Membro de honra
Membro desde:
28/9/2011 23:22
De Olinda, Pernambuco
Mensagens: 898
penso que muita gente acabe por ler
a chamada do luso da seguinte forma:

"deixe um pouco de si"

e acabam desabando como pedras
nas águas do luso-poemas,
esperando que todos entendam...

é normal, creio. o luso-poemas,
por abrigar a arte da escrita,
torna-se ombro amigo. a poesia,
como toda forma de arte, serve
também para descarregarmos
todas as nossas frustrações.

a frase "deixe um pouco de si"
é muito abrangente. isso é bom
e ruim, porque nos abre a casa
mas também nos convida a dormir
no sofá, a abrir a geladeira,
a pegar o que quiser, etc.

mas há que se pensar
nos outros convidados.

muitos aqui, pude notar, fazem do luso
espaço terapêutico, lugar para catarses.
não vejo mal nisso. mas vejo cada vez
menos holofotes apontados para a arte,
a literatura, a leitura, a interpretação.

muita gente boa sai e não há reposição,
muita gente que quer aprender a escrever
se distancia e não dá nem pra reclamar.

o jeito mesmo é tentar mudar a situação,
trazer o foco para a poesia. é isso
que quero fazer com estas propostas...



Criado em: 25/11/2012 16:30
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alguns anos de solidão - blogue

"ah, meu deus do céu, vá ser sério assim no inferno!"
- Tom Zé
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Re: proposta luso-poética
Membro de honra
Membro desde:
20/5/2008 17:39
De Porto
Mensagens: 2999
Talvez, talvez o mal seja o eterno efeito de reflexo nas águas do "si" que conceda campo ao exagero... Concordo que há muitos "sis" a simplesmente despejar ais ( de todos os tons) e reticências por aí, sem qualquer intenção sequer de respeitar a p´rópria Língua, quanto mais a Arte da Palavra. Mas também acredito que há muita gente a dizer de "ais e que tais" com muita beleza, arte e saber.
´
E. Como eu disse já não sei onde e quando: não há trigo sem joio, não há pão que não ganhe bolor, se amontoada e sem arejo... Vamos arejando...

Criado em: 25/11/2012 16:53
_________________
Teresa Teixeira
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Re: proposta luso-poética
Colaborador
Membro desde:
12/7/2007 21:56
Mensagens: 1988
exelente artigo Roque.

creio que neste apenas faltou a opiniao de JLB sobre esta arte de ofício.

continuo por cá a ler-te.


abraços.

Criado em: 29/11/2012 18:13
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Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.
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