No rio obscuro da vida
existe um barco á deriva
nas aguas paradas no tempo
deste tempo que se perde
na sombra das tuas brumas

O barco desliza inquieto, ávido
espera a luz do amanhecer,
onde o sol seque a humidade
que goteja perene de querer.

São tantas as gotas gotejadas
e tantas as fragrâncias exaladas
que em arrojado ondular desliza,
nas pacatas águas da vida
o barco náufrago, deste (a)mar

(E lá… )

Onde se funde o rio e o mar
na meiguice de um raio de luar
tu barco, deixarás de te perder,
descobrirás os teus velhos remos
e nos braços de um renovado ser
permanecerás firme, pungente,
neste rio que o destino
não quer ainda destruir

Amor de Cristal

Não pertenço a você!
Solta-me da sua mente doentia
Tire-me as algemas da sua paixão
Desse seu Amor de Cristal trincado
Estilhaçado pela ingratidão
Dilacerado pela desconfiança
Arruinado pela traição
Prostituído pelas mentiras
Enterrado pelas cobranças
Apedrejado pelos julgamentos
Enforcado pelas deduções
Decapitado pelo ciúme
Degolado pela dissimulação
Apodrecido pelas falsas ilusões
Escarnecido pelos ressentimentos
Blasfemado pela descrença

Odiando quem te ama
Faz a cama
Na sacanagem fingida
E apenas seduz
Com suas palavras
Certeiras, iguais redes
Jogadas ao mar
Nos perfis estudados
Das carências mundanas
Pesca a vítima
Para matar a alma
De quem diz que ama!!

Helen De Rose

Nestes seus olhos tristes
As lágrimas confessam
Um sentimento mergulhado
Na visão que emudece
A sua inocência subtraída
De uma união que termina
Na separação dos seus pais

As suas lágrimas
Não foram vistas
A sua voz
Não foi ouvida
A sua tristeza
Não foi sentida
O aroma da sua inocência
Não foi absorvida
O silêncio da saudade
Permaneceu na sua infância
Esquecida
Por um tempo
Onde havia
Uma família

Helen De Rose

Palavras insípidas
Iguais comidas insossas
Degustadas no insulso
Do seu fel
Amargando a boca
Do fígado
Desgraçado
Inchado
Com seu Ego
Desenxabido
Em ação...

Náuseas estomacais
Fecham os olhos
Enquanto uma lágrima cai
No esforço de vomitar
Diante do fedor
Contaminado pelas palavras
Repugnantes
Iguais lixos das escórias
Fotografadas na visão
Da mente
Em reação...

Helen de Rose.

Entre palhaços
E paspalhos
Há uma história
Que se repete
A cada novo ciclo
Que ora se principia
Se finda
E recomeça...

Neste carnaval
Que nunca acaba
É vê-los desfilar
Exibindo
As suas insólitas
E ridículas caretas
De cobardolas
E frustradas carecas
A descoberto...

Ainda se ao menos
Soubessem
Ser palhaços a sério!...

Palhaço...

Experimenta a olhar-me
Olhos nos olhos, talvez vejas
Uma tristeza crua a enlaçar-me
E não aquilo que desejas

A sina do palhaço
É agilizar a vida, dar-lhe asas
Fazer esquecer as horas tortas
O circo da sua existência, é baço
Como baço é o sentar-me
Na bancada de pau e esperar
As gargalhadas, esquecendo o olhar
Triste do homem, em risos de aço.

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Poema
Arranja as malas pois tu vais partir

Tem de ser, só assim
Iras crescer, ver o
Mundo e aprender.

A viver e a ser homem
Com a mudança, iras
Com outros olhos ver
Iras ser mais maduro
E aprender.

……………………………………………

Arranja as malas hoje
Vais abalar, nada de
Protestar, mais tarde me
Iras agradecer, dei-te uma
Escolha, agarra-a porque é boa.

Não arranjei as malas a
Toa, quero-te fora de Lisboa
Quero que abales, na madrugada
Pela calada.

……………………………………………………

Vai e vive!

A tua mãe esta dormindo,
Mas vai sentir saudades
Do menino, que de pequenino
Passou a homenzinho, e fez
O seu destino, escolheu a estrada
E abriu caminho.

Não te esqueças do caminho
Segue direitinho, constrói assim
O teu destino.

………………………………………….


Arranja as malas pois tu vais partir!

Vais novas culturas descobrir,
Não te deixes enganar, este mundo
Pode por vezes em ti desabar

Tens de em ti acreditar!

Adeus!

Toma dois beijinhos para
No caminho te confortar

Vai tudo correr bem só tens de
Em ti acreditar,

Adeus!

Vai com deus!

Ricardo Neves