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Testando 1,2,3...
Membro de honra
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4/2/2013 23:42
De Uberlândia - MG - Brasil
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Trouxe um poema aqui para ser devidamente criticado.
"Preguem o pau", "desçam a lenha", "detonem"...
Fiquem à vontade, não vou sentir nada, é só um poema.
Meu objetivo é simples: quero ver o que eu consigo de dicas e sugestões. Ou seja, espero que me falem porque está ruim, porque não se encaixa como um poema, ou qualquer outra coisa que enxergarem.
O pessoal fala muito em crítica aqui. Quero ver se existe um lado realmente bom nela, se dá para aproveitá-la de alguma forma.
Pensei em trazer alguns dos que eu mais gosto, mas vou começar com este que é o último que escrevi.


Paixões Líricas

Se é pra falar de paixões, vou logo avisando, eu amo o errado:
como a alegria que chega com uma dose certa de álcool no sangue;
o prazer da aposta, do risco blefe, da carta na manga;
a cobiça atiçada na troca de olhares com a morena da mesa ao lado;
o perigo do flagra no roubo do beijo;
o velocímetro acima dos cento e oitenta;
o tesão pelo sexo fácil, comprado na esquina...
E desculpem se parecer vulgar, mas não consigo encontrar uma visão mais linda que uma bela mulher nua na cama, com as pernas aos meus comandos, entregue...
Se é pra falar de paixões: 'Tá' falado!

Criado em: 21/4/2013 16:23
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Re: Testando 1,2,3...
Colaborador
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16/10/2012 16:18
Mensagens: 1473
o que há para criticar em um poema com versos livres e brancos? o palavreado brazuka? o cheiro de perfume barato? a linda visão duma vadia com o quinto ou sexto macho da noite? pra mim, está irretocável ao que se propôe. abs

Criado em: 21/4/2013 16:55
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Re: Testando 1,2,3...

Membro desde:
1/12/2011 19:30
De Rio de Janeiro
Mensagens: 533
Criticar, como dizem por aí, não é só falar mal, ou meter o pau num texto ou poema. Criticar é, sobretudo, fazer análise de um texto, é descrevê-lo para melhor compreendê-lo; em suma, é achar uma chave de leitura para o poema. Com relação, ao texto, ele funciona como uma arte de amar, marcada, porém, por uma determinada moralidade, de cunho judaico-cristão, que faz um juízo de valor sobre amor e recomenda quais as formas "certas" e "erradas" de se amar. Nesse sentido, é que o sujeito poético, influenciado por esta moralidade, inicia o poema dizendo que vai falar das paixões, alertando, porém, que sua opção de amar ou amor é errada. A partir, daí faz uma listagem de espécies de amor reprováveis pela sociedade, uma vez que envolvem determinadas visões e atos em relação ao objeto amado que, em princípio, não se conformam aos padrões de amor preconizados pelo estofo moral e ético da sociedade em que o sujeito poético se insere. Dentre elas, podemos notar o uso de determinadas substâncias que nos liberam dessa moralidade e levam à embriaguez, o prazer da aposta, que nos remete ao jogo, atividade ilícita em muitos países, o sexo comprado, uma clara referência à prostituição, atividade milenar, mas tão estigmatizada e reprovada por discursos moralizantes de cunho religioso, bem como a transgressão de regras e valores motivada pela cobiça e o desejo de conquista. Em suma, ações e formas de amar não recomendadas por uma dada moralidade e ética que o próprio sujeito reconhece como “erradas”, mas da qual não consegue se desvencilhar. O texto se encerra com um “tá falado” como se o poema fosse uma espécie de fala ou desabafo que intenta uma conciliação entre as exigências de conformação a pressões externas e morais sobre o indivíduo e as pulsões sexuais interiores do sujeito poético. Grande abraço e espero ter dado uma contribuição ao entendimento do poema.

Criado em: 21/4/2013 17:11
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Re: Testando 1,2,3... - p/ GELComposições

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29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
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Gustavo, concordo com o que o Felipe tão bem expôs.
Só gostaria de acrescentar um aspecto que acho interessante. Foi uma coisa que só vim a perceber depois de muitos anos escrevendo poemas.
Não sei se concordo, mas também é um aspecto para discussão.
Vamos lá:
O poeta transmite suas impressões, sua vivencia, seu modo de ver sobre pessoas, fatos, situações, etc.
Então, o certo é que se usa sua escrita na 1ª pessoa ele está revelando suas impressões. Ou seja, está se desnudando expondo a personalidade e o caráter representando no seu modo de ver as coisas que o cercam.
Quando usa a 3º pessoa, não está necessariamente revelando seu pensamento e sim o que conseguiu amealhar com sua experiência de vida e observação, podendo ou não concordar com o que escreveu.

Veja bem que é uma opinião minha e reitero que nem sempre pensei assim.

Quando o “ eu lírico” nos revela


“ .... vou logo avisando, eu amo o errado ...


eu entendo que você revelou uma nuança de caráter e personalidade. Então, tudo leva a crer que nos seus poemas passados e nos futuros você não pode contradizer-se, já fez a sua “ profissão de fé”, digamos assim. Repito que nem sempre pensei assim. Sempre acreditei que o “ eu poético” tinha liberdade de mudar, adaptar-se, negar-se, reinventando-se a cada poema. Foi assim em mais de 5.000 poemas que escrevi até uns três ou quatro anos. Não vou reescrever todos, mas estou prestando mais atenção nas contradições.

Se eu escrevi um poema dizendo
... tenho medo do escuro ..”

não resta coerente ( hoje ) escrever outra, na 1º pessoa dizendo

... não tenho medo das sombras da noite ...

é uma contradição. E existem leitores que cobram essa postura. E não estão errados.


“ ...como a alegria que chega com uma dose certa de álcool no sangue;
o prazer da aposta, do risco blefe, da carta na manga;
a cobiça atiçada na troca de olhares com a morena da mesa ao lado;
o perigo do flagra no roubo do beijo;
o velocímetro acima dos cento e oitenta;
o tesão pelo sexo fácil, comprado na esquina...


neste trecho revela-se um caráter dissoluto, nos moldes da aceitação da sociedade atual. O Felipe discorreu bem sobre isso no comentário dele.

Daí, vai ser outra contradição se escrever um poema enaltecendo valores que não sejam esses. Você já afirmou quais são seu valores. Cobra-se de você uma coerência.


o trecho final:

... não consigo encontrar uma visão mais linda que uma bela mulher nua na cama, com as pernas aos meus comandos, entregue...

Essa é a sua “ visão mais linda”. E para quem cobra coerência, vai ser para sempre a “mais linda” visão que você tem.


Se você resolver escrever

“... a linda visão de um sorriso de criança ...

ou

... a inebriante visão do reflexo dos seus olhos ...

outra vez vai se contradizer, por que já afirmou categoricamente:

... não consigo encontrar uma visão mais linda que uma bela mulher nua na cama...

estaria sendo hipócrita? ??

E qual seria a solução, se é que há?

seria escrever determinadas opiniões e fatos na 3ª pessoas, como uma interpretação que tem e não necessariamente concorda ou a adota como regra de vida. Mesmo por que, mesmos endo uma visão extremamente agradável, não acredito que seja “ a mais linda” e que “ não consigo encontrar” outra. Também marcando, caso seja necessário se concorda ou adota o comportamento que descreve.

Quando se escreve sobre vários temas é mais difícil exercer essa coerência. Você acaba se perdendo ou mesmo apresentando afirmações antagônicas que podem ser fruto de uma mudança de opinião sobre um fato ou situação ou mesmo um esquecimento. Coisa assim como se eu escrevo hoje:

.. gosto das flores se abrindo ao sol ...

tenho que me lembrar se há trinta anos atrás não escrevi justamente o contrario, podendo ser chamado de hipócrita.

Veja, do modo que escrevi ... quando se escreve.... não estou afirmando que eu escrevo e nem que você escreve assim.
Estou me referindo a uma conduta que pode ser ou não a minha, a sua, a do Zé, ou a do Antonio. Uma conduta que sei que existe e estou expondo.

Mas é preciso refletir muito sobre esse assunto. Senão descamba.
um abraço

Criado em: 21/4/2013 19:13
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Re: Testando 1,2,3...
Membro de honra
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4/2/2013 23:42
De Uberlândia - MG - Brasil
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Não sei se devia responder: para não ficar como lá no espaço normal de publicação, também para não tirar a liberdade. Mas confesso que fiquei contente por não haver de cara uma reprovação.
Já que é pra ser sincero, vou confessar três covardias minhas até então.
1) Falei em trazer os que mais gosto. Não os trouxe, pois me sentiria muito mal em ser "detonado" justamente nos que mais gosto. Seria como não ter uma segunda chance.
2) O título desse poema inicialmente era "Sobre Paixões". Mas troquei com receio das pessoas confundirem as paixões do poema com as minhas verdadeiras paixões. Não sei se esse cuidado é certo ou ridículo.
3) E o "desculpem se parecer vulgar, mas" também não existia. Novamente um certo cuidado que tomei. Talvez, outra bobagem.

Abração.


(Luiz, estava escrevendo isso no Word e seu comentário me pegou de surpresa. Tem até um pouco a ver com o que coloco aqui, mas não é uma resposta pra você. Vou pensar no que disse. Eu não tinha a noção que tinha que ser assim. Vou procurar alguma coisa à respeito.)

Abração.

Criado em: 21/4/2013 20:41
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Re: Testando 1,2,3...
Colaborador
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16/10/2012 16:18
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não concordo com o que o Luiz disse. eu-lírico não é eu. frequentemente escrevo em primeira pessoa, mas falando de outros. geralmente para ironizar.

Criado em: 21/4/2013 21:04
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Re: Testando 1,2,3...
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4/2/2013 23:42
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Luiz,

Não sei te responder. Se for dessa forma eu não cometi a bobagem só aqui. Num outro texto "Baseado (num fato) apagado". Falo em primeira pessoa alguns efeitos da maconha, como se eu tivesse usado. Mas, Deus me livre, sou o maior careta, mesmo. Até vai contra uma música de protesto que fiz contra a marcha da maconha, na época, "A vida por uma pedra.". Essa sim é uma opinião sincera.
Quando postei esse poema lá, percebi nos comentários que o negócio ficou um pouco mal pra mim. As pessoas realmente parece confundir. Mas se for da forma que falou, não seria uma confusão. Eu é que estou errado em escrever na primeira pessoa esse tipo de coisa.
Não sei o que é o certo, mas agora gostaria muito de saber.

Abração.


Criado em: 21/4/2013 21:18
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Re: Testando 1,2,3...
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4/2/2013 23:42
De Uberlândia - MG - Brasil
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Fotograma,

Tomara que esteja certo.
Penso que está, mas não sei.

Abração.

Criado em: 21/4/2013 21:26
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Re: Testando 1,2,3...
sem nome
muito bom tudo que foi posto até aqui; posturas didáticas são necessárias para o autor que se aventura expor-se nessa senda literária da escrita amadora, e para que ele evolua, deve ser cônscio disso antes de mais nada; que sua escrita está a disposição de atenções várias. o que eu tenho a dizer é ínfimo, nulo até de qualquer ênfase, e da dissecação que pedes para o seu texto, não sou pessoa abalizada para tal empreendimento. porém, ao meu olhar simplório, posso dizer que este tópico traz à baila apenas e em reprise, a síndrome da obrigatoriedade da crítica, como se para que um exercício de escrita amadora seja reconhecido; um conto, poema e outros do gêneros se validado como bom ou ruim pela crítica e assim considerado hábil para ser lido só após o controle de qualidade. só após ter passado pelo 'tribunal literal'. liberdade controlada. veja bem; apesar de parecer, não sou adverso às críticas, ou quaisquer movimentos de reações às críticas, nem tampouco sou de postura raivosa e opositora, não, ledo engano quem assim pensar, prezo as críticas e os elogios com o mesmo valor, e nem acho que comentários negativos sejam patrulhas ou algo parecido. só não acho prescindível a crítica pela crítica no texto amador, ou quando não noto uma boa vontade daquele que critica, ou de pôr a sua análise como uma mão estendida, mas o contrário, prevalecendo-se dalgum conhecimento, e vir, apenas pelo prazer de provocar o constrangimento. opor-se a atitudes solidárias, e prevalecerem-se da arrogância. o que aqui eu disse, não foi por mim, pois não perco o sono por causa desse assunto, mas, por muita gente boa com os quais eu converso em off, inclusive alguns tapires...

meu abraço caRIOca.

Criado em: 21/4/2013 21:34
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Re: Testando 1,2,3...
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4/2/2013 23:42
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Minha ideia, Zé, é tentar consolidar uma opinião. Falo pelos cantos que a crítica pode ser muito boa para quem quer aprender (meu caso) e que deveria ser direcionada para isso. Mas, no fundo, não tenho certeza se devo levar em conta certas opiniões. Por isso coloquei a "cara à tapa", quero ver o que acontece. Não precisa ser só neste poema.
Eu, por exemplo, erro demais. Não me sinto seguro em escrever nada diretamente, sempre procuro o corretor, os dicionários... Mas é isso o que mais quero aprender.
Exemplo, nesses dias, o Fotograma entrou num texto meu e sugeriu uma correção. Além da correção, aprendi um pouco mais. Agradeço, mesmo. O Milton, por exemplo, já me sugeriu coisas excelentes e de um jeito muito bacana, tomou até o cuidado de usar a mp.
Pelo que vi até aqui, já valeu. Foi levantada uma questão que eu gostaria de saber. Mas uma coisa para se aprender.
Aliás, sabe alguma coisa à respeito?

Abração.

Criado em: 21/4/2013 22:03
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