Nunca como eles, |
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Desculpo-me dos outros com o sono da minha filha. E deito-me a seu lado, a cabeça em partilha de almofada. Os sons dos outros lá fora em sinfonia são violinos agudos bem tocados. Eu é que me desfaço dos sons deles e me trabalho noutros sons. Bartók em relação ao resto. A minha filha adormecida. Subitamente sonho-a não em desencontro como eu das coisas e dos sons, orgulhoso e dorido Bartók. Mas nunca como eles, bem tocada por violinos certos Ana Luísa Amaral
Criado em: 27/11/2022 19:04
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Jorge Santos/Joel Matos |
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Negras |
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Da casa!
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A ferida dói e a saudade da terra ainda atormenta
Adormeci com a alegria dos tambores no terreiro e acordei com o chicote na coluna Amarrado no madeiro e o pesadelo do lado de ter o coração arrancado junto com um filho no útero Sou branca com o sangue negro Sou amor quando não suporto a dor do outro
Criado em: 27/11/2022 19:46
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Maria Gabriela (Ao espelho) o conforto te faz ser vidro, mas o mundo nunca deixa de ser pedra. |
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Frida Kahlo |
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Criado em: 27/11/2022 20:30
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Jorge Santos/Joel Matos |
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A Glorificação das Aparências - Agustina Bessa |
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A Glorificação das Aparências Não sei o que acontecerá quando formos todos funcionários aureolados pela organização de aparências que acentua a satisfação dos privilégios. A aparência vai tomando conta até da vida privada das pessoas. Não importa ter uma existência nula, desde que se tenha uma aparência de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados. Há de facto um novo proletariado preparado para passar por emancipação e conquistas do século. As bestas de carga carregam agora com a verdade corrente que é o humanismo em foco — a caricatura do humano e do seu significado. Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'
Criado em: 4/12 18:40
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Jorge Santos/Joel Matos |
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Falar é ter os outros em excessiva conta |
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(a partir de um texto de Bernardo Soares "Falar é ter demasiada consideração pelos outros" e da peça "A importância de ser Prudente" de Oscar Wild ) ![]() Fácil é fingir que ouvimos e q'nos ouvem Falar, é ter outros em excessiva conta, Quando não querem perceber q'calando, Falam pra não passar despercebidos, Como pensam ter sido compreendidos Nada dizendo que conte concreto, como Vou fingindo que digo centímetro, dizendo Metro, falando uma língua que ninguém Fala, por gestos poucos, vêm falar d'mortos Comuns inda q'sejam pra mim símbolos, códigos Simples e fórmulas visíveis, demasiado Oculto s'tou eu dos olhos, à vista d'todos, Fingindo que ouço ouvindo o que eu disse, Fedendo de falso e da fala com q'digo, Esfolo dizendo mato, grave digo aguda Esta dor assumida e sucinta, a fome viva Semelhante a gula, sumida sucumbida A fala, a farsa, má língua grega e a casaca Erguida eu cabisbaixo, na rua ao lado onde Vive realmente gente, não desta triste, Nem sempre vinha, nem sempre mosto Em metal Augusto, me sabe a sal rosa sulfúreo, Máscaras sagradas de defuntos farsi e Persas, Muitos pela boca morrem, os peixes senhor … Os peixes surdos. Joel Matos (Dezembro 2022) http://joel-matos.blogspot.com https://namastibet.wordpress.com http://namastibetpoems.blogspot.com "Eu sou daqueles que são feitos para ser a excepção, não para seguir a lei" Oscar Wilde ![]()
Criado em: 5/12 10:39
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Acordei sentado na pedra da memória |
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![]() Acordei sentado nas pedras da memória Estreita é a mão, estreito o meu mundo, Meus s'quisitos ombros não são calçadas, Escombros doutras guerras em punhos
Criado em: 5/12 22:40
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Re: Faça-se poesia grada, gorda, grossa, obesa, farta, espessa, sagrada |
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Pouco faço, Pouco sei, Ando devagar, Ao meu passo, Dou o tudo, Por nada, O rumo, Pela jornada, Sonho o irreal Suponho-o passível D'alteração d'humor, Frequente Joel Matos
Criado em: 7/12 8:50
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Jorge Santos/Joel Matos |
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Tudo que mais preciso |
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![]() Tudo que mais preciso Tudo que mais preciso é ter fé, A menos imediata d'todas urgências, A mais promulgada necessidade, A menos prolongada esperança, Consciência é poeira e cabe tardia Num recipiente fechado, numa lata, Escorre p'lo telhado, evade-se P'la raiz, cobre-se p'lo deserto,
Criado em: 7/12 10:21
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A alegria que eu tinha |
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A alegria que eu tinha era a de descrever a geometria do que sentia nos ombros, dos cantos da boca à linha direita torcida, dos cabelos, do queixo, nos nós dos dedos de tristeza fixa e pobre com que fico me convence, é uma maldição rasa que espero em vão desapareça, a visão estrangeira com que me meço na ressaca dos outros sendo eu ela própria, pródiga não sei no que seja e só a alegria que eu tinha quando era como era inda'gora...
Criado em: 7/12 15:05
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Metodologia da ansiedade |
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![]() Metodologia da ansiedade ou Síndrome de coração partido Penso como um poeta ao ponto de dar a vida pelo que penso puder ser, Até pode ser que não morra de ansiedade como outro qualquer e me desfaça sorrindo em pó Penso como um poeta, mas não só, respiro como um, afinal Poeta é um como outro, outro como eu, insignificante magnifico ou alegre, triste moribundo Ou contente, irónico ou condescendente vivo … melhor era ter aprendido a cantar
Criado em: 9/12 8:35
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