Comentário a "fonética" - de Pleonasmo

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6/11/2007 15:11
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Decisões.
Ai, ui...
ditongos da volúpia.

Tomar a decisão de "...renegar o impossível..." é um pouco fantasiosa. Poética, vá. Lugar-comum contudo.

Mas lugares comuns têm de ser explorado, dissecados, secos, colocados ao sol, na lareira, ler as fatias translúcidas.
"desamparadamente..." começas com o advérbio de modo, a meter "-mente..." ao barulho.
Saindo do silêncio desta maneira até o meu nome que tem um cê de cedilha caiu, o pobre não-coitado.

Desfeito, o sujeito poético fica deformado e desconteúdado (adoro inventar palavras e iniciar erros), ainda assim esperando algo,
talvez o usado "...restolho do desprezo..." há um certo masoquismo nesta estrofe.

A resposta que a última estrofe sugere vive cheia de moralismos, ou de precisão, dependendo de como for "...o crucifixo do olhar...", grande metáfora por sinal, carregada por alguém, cheia de volúpia, com ar de punição de todos os males.

Há tanto de inútil na poesia que torna-se ar, que só sentimos a falta, quando não há.

Obrigado, mais uma vez, pela inspiração.


Fonética


desamparadamente,
caem-me os impossíveis,
as frases sem cês de cedilha,
e os ditongos emudecidos,
os que melhor exprimem a volúpia,..

não recupero a forma,
nem o conteúdo das imperfeições,
só me fazem esperar
tanto,
e tanto tempo pelo
que me dás em troca,
e nada surge,
nem o restolho do desprezo a que
me habituaste,...

e já lá vem o crucifixo do olhar,
já que depois de renegar o impossível,
comprometi-me com
o desprezo aos lados
inúteis da criação

Criado em: 7/6/2023 5:45
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