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sem nome
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Criado em: 15/12/2011 12:57
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Re: José Ilídio Torres escreveu O Diário de Maria Cura
sem nome
Carlos, continuo a rever-me nesta crítica, de que gostei na altura e continuo a gostar.
Acho que não é o romance que rompe com as convenções, mas a Maria, e é isso que penso que diz na capa.
Depois deste não escrevi mais nenhum. Algumas tentativas que empurrei para canto, talvez porque continuo a dispersar muito a minha escrita.
Agradeço-te a lembrança.
Um abraço.

Criado em: 16/12/2011 1:50
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Re: José Ilídio Torres escreveu O Diário de Maria Cura
Membro de honra
Membro desde:
17/7/2008 21:41
Mensagens: 2207
Camarada,
O ritmo da publicação é de tal forma, que se torna complicado para mim inserir algo sobre alguns dos livros que por aqui vais, no fundo, divulgando. Sobretudo nesta fase do campeonato onde, no Luso-Poemas, ando ocupado com outros assuntos que, para mim, enquanto usuário, se revelam de extrema importância. No entanto, fica aqui a garantia que vou regressar a estes teus textos, bem como inserir alguns dos meus comentários a livros.
Sobre este "Diário de Maria Cura", obra que apresentei (se a minha memória não falha) em Barcelos, cá vai um excerto dessa mesma apresentação:

"Confesso-vos que sou um mau leitor de romances. Aprecio ao nível literário mais o género poético. No entanto, este livro tem condimentos capazes de prender, de cativar mesmo um leitor rezingão como eu.

E digo-o porque a dado instante me fez esquecer que estava perante um policial, aliás, já nem queria saber quem matou Maria Cura.

Debrucei-me mais sobre o que guardava em segredo a forte personalidade de D. Eugénia e o por quê, sobretudo este pormenor, do autor ter escolhido a vertente sexual como imagem, digamos, de marca para a sua Maria.

Este romance é, na minha opinião, não um policial, embora tenha todos os condimentos do género, inclusive estruturais, mas um alerta, uma janela aberta para a reflexão, dado constituir uma visão crua sobre a condição da mulher.

Talvez por isso o autor nos informe de uma forma curiosa a data de nascimento da sua personagem: o ano dos Jogos Olímpicos de Munique, 1972.

Ora bem, realizando-se os jogos, tal como o próprio nome indicia, de quatro em quatro anos, o que ocorrera de significativo na sociedade onde a personagem se movimenta relativo à condição da mulher?

Pois bem, quatro anos antes, em 1968, foi instituída formalmente a igualdade de direitos entre homens e mulheres (por mera curiosidade, no ano seguinte, é revogada a necessidade de autorização do marido para a saída do país das mulheres casadas).

No pólo oposto, quatro anos depois, ou seja: 1976, entra em vigor a nova constituição que estabelece a igualdade plena entre homens e mulheres em todos os domínios (também por curiosidade, no ano seguinte, em 1977, é feita a revisão do Código Civil que extingue a figura de “Chefe de Família” e atribui às mulheres, no âmbito do Direito de Família, um estatuto de igualdade com o homem).

Naturalmente que desconheço se este era o intuito do autor, mas o livro já não lhe pertence. Agora é de quem o lê.

Se o sexo e a morte são duas parcelas que cativam indiscutivelmente a atenção, elas são aqui utilizadas, repito, na minha leitura, como elemento quase diria de choque.

A morte, o trágico fim da personagem Maria Cura, é-nos relatado com beleza, como se nos dissesse que é necessário continuar, que o fim, de facto, não o é. Daí a opção de colocá-lo logo na abertura do romance.

O sexo, por seu turno, é retratado como algo do foro pessoal, como uma opção de liberdade, como símbolo dessa mesma liberdade.

Agora, pensemos nisto: e se a personagem Maria Cura fosse Manuel Cura?

Provavelmente o choque não existiria. Vendo bem, somos latinos e homem que se preze, já se sabe. Agora uma mulher, ainda por cima com tanta meia por coser, valha-nos deus.

Estamos, portanto, perante uma obra que nos desafia para a reflexão, que nos diz da diferença que há entre o administrativamente decidido e o plano dos valores que a sociedade impõe.

E há que refletir se de facto há igualdade. Pois bem, sejamos claros: não há. E este é um dos motivos por que este livro: Diário de Maria Cura, de José Ilídio Torres, merece uma leitura atenta e a melhor divulgação possível.

E, acreditem, embora eu seja suspeito, e sendo eu, como há pouco afirmei, um mau leitor de romances, pela arquitectura elaborada pelo autor, sabe bem e vale bem a pena descortinar quem matou Maria Cura, que segredo guarda D. Eugénia e que outras coisas se podem ler nas entrelinhas deste livro."

Um abraço

Xavier Zarco

Criado em: 16/12/2011 8:34
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Re: José Ilídio Torres escreveu O Diário de Maria Cura
Membro de honra
Membro desde:
14/5/2008 20:44
De Leiria
Mensagens: 10301
Interessante este tópico Carlos, e torna-se ainda mais interessante numa altura em que parece não se dar primazia
aos bons autores e à sua escrita. O romance que aqui recomendas era uma prenda que gostaria de receber no meu sapatinho. Gostava imenso de o ler, mas actualmente não estou em condições financeiras para dispor de verbas para a cultura. Coisas da crise...
Sendo o José Torres um escritor e poeta de referência neste site cabe-me apenas felicita-lo e fica a promessa de comprar este livro logo que me seja possível.
Bem hajas, Carlos!
Vóny Ferreira

Criado em: 16/12/2011 9:33
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Vóny Ferreira
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Re: José Ilídio Torres escreveu O Diário de Maria Cura
Membro de honra
Membro desde:
14/5/2008 20:44
De Leiria
Mensagens: 10301
Reparei no tratamento cerimonioso, (você...) e por consequência aqui fica o meu pedido de desculpas.
Não tenho já livros "O Despertar da Mariposa" dos 100 que
me coube. Se daqui a uns anos pensar nisso peça directamente ao editor, que esse deve tê-los todos nas prateleiras. rs.
Desculpe o meu à vontade e a retribuição do abraço

Criado em: 16/12/2011 10:22
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Vóny Ferreira
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