das coisas que aprendi no luso sobre escrever
Membro de honra
Membro desde:
28/9/2011 23:22
De Olinda, Pernambuco
Mensagens: 898

desde que entrei no luso-poemas, aprendi diversas coisas que carrego comigo:



  • evitar a repetição desnecessária de palavras:



aprendi isso com o valdevinoxis. o uso constante de certas palavras, de alguma forma, trava a leitura e a declamação de um poema. em alguns casos, no entanto, a repetição serve para reforçar a idéia. basta saber quando é bom e quando é ruim, e isso eu aprendo lendo e exercitando.



  • não explicar muito, mas dar a entender:



o leitor deve viajar no que lê. ele deve criar a própria idéia do que leu e carregar consigo sua explicação para o poema. o camarada que quer mesmo ler um poema não vai querer que esteja todo mastigado. quer a viagem, o barato que o poema pode render.



  • não abusar dos adjetivos:


assista uma propaganda e perceba quantos adjetivos o produto recebe. bom, rápido, eficiente, econômico e etcétera. muitas vezes, ao ler um poema, acabo por contar quantos adjetivos ele tem. isso me incomodava a ponto de eu criar ódio por eles. hoje tento me acostumar com um aqui, outro ali, mas só quando necessário.



  • não ter medo de experimentar algo diferente:


quando penso que está fácil escrever em determinado estilo, parto pra outro. tento não cair na mesmice porque minha pretensão é evoluir na escrita.



  • ler os clássicos de todas as épocas, sem distinção:


leio um pouco aqui, um pouco ali, me agrada mais este ou aquele poeta. leio sempre que posso algum poema do leminski, como já é pública e notória minha preferência pela obra dele. mas nem só de leminski vive o verbo. leio de tudo. e aprendi aqui.



  • não se importar com que os outros pensam:



não me importo nem com elogios nem com "críticas" ao que escrevo. sigo o meu próprio rumo, no meu próprio barco que pode ou não ser de segunda mão. se alguém gosta, bom. se não gosta, bom também.



  • não parar de escrever nunca:



esse é o melhor conselho que ouvi e que ofereço aos meus colegas e desafetos. nunca pare de escrever, seja o que for. como disse o andy warhol, "não pense em fazer arte. faça logo. enquanto decidem se a amam ou odeiam, faça ainda mais arte".


Criado em: 10/9/2013 9:17
_________________
alguns anos de solidão - blogue

"ah, meu deus do céu, vá ser sério assim no inferno!"
- Tom Zé
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever
sem nome
então; o que me chamou mais atenção...


não ter medo de experimentar algo diferente:



...rs uns vão entender como que para se escrever de qualquer maneira; descuidadamente, como alguns já fazem aqui... entre textos descontextualizados, totalmente amalucados ou com erros ortográficos crassos. mas tudo isso é passado, pois tudo isso é bem aceito aqui. até com merecimento de parabéns e aplausos... o que eu acho uma irresponsabilidade do usuário praticante de escritas, fazer um comentário do tipo; num texto tipo 'massa de bolo'


ler os clássicos de todas as épocas, sem distinção:

para se preservar o que se aprendeu até aqui, e, não emburrecer no futuro ou se converter a qualquer merda pra salvação da alma (é só reparar no que tem se transformado as páginas do Luso-Poemas; continuo lendo até 'Gibi' (Revista em quadrinhos; para quem não é tão velho quanto eu...rs)


não se importar com que os outros pensam:

tanto é importante, que, inclusive nem mais respondo aos tão insignificantes que são para a literatura/poesia/Língua, mas que se atiram em dizeres esdrúxulos, 'pérolas' aos quilos em meus textos e doutros com comentários ridículos, ao invés duma crítica e ou elogio (um ou outra, é peso igual). exclui-os, principalmente aqueles que se aproveitam deste veículo para panfletar e disseminar suas seitas e divindades, seus caminhos, púlpitos e palco, e o caralho a quatro... considero uma afronta essa insistência. passível duma reação minha...ou não. pois há os que nem isso merecem.

ex: "Nossas lágrimas se tornas pingos de emoções"
Re: "Agradeço sua vizita"

não parar de escrever nunca:

escrever é uma arte. acima de tudo considerar-se artista é fulcral, no dever de se fazer arauto da boa palavra para que seja 'imorrível... a poesia.

meu abraço caRIOca, Caio


Criado em: 10/9/2013 15:14
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever
sem nome
Acho fundamental não se importar com que os outros pensam e continuar a escrever, sempre. O que em verdade é um rico aprendizado.






Criado em: 10/9/2013 18:27
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever

Membro desde:
29/1/2012 12:43
De Piracicaba - SP
Mensagens: 2090
Concordo com vocês em quase tudo.
Só faço uma ressalva quanto aos tópicos iniciais. Na minha opinião, depende do estilo do poeta ou do tipo de texto que está produzindo. Costume escrever muitos como narrativa nas primeira e terceira pessoas. Quando utilizo a terceira, não me contento em permanecer neutro e ser mero narrador/observador. Uso os adjetivos para reforçar a ideia e também para. de certo modo, justificar a intromissão do pretenso narrador.
Também noto que esse escrever sintético aproxima-se muito da linguagem jornalistica. E costuma usar esse tipo quando escrevo mais aproximado para essa verve. Mas, não gosto muito. Os modernos "manuais de redação e estilo", principalmente usados pela grande mídia ditam regras, tentam dizer o que temos que ouvir e escrever, chegando a limitar numero de palavras numa frase e "proibir" o uso de certos termos.
Dois exemplos: há alguns anos, alastrou-se a " gripe suína", com grande repercussão. Passados seis meses, os suinocultores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul passaram a sentir que estava sendo feita uma propaganda negativa que poderia prejudicar o negócio. Como por encanto, toda a imprensa "esqueceu-se" da palavra "suína" passando a chamar a gripe por outro nome. O mesmo aconteceu com a "gripe do frango".
Olhe que não foi um ou outro jornal. Todos os órgãos de imprensa, sem exceção adotaram a conduta. Numa unanimidade incrível. Nunca mais se ouviu falar de forma a associar a gripe ao frango ou aos suínos.

Por que estou falando de frangos e porcos? Por que, esse exemplo que citei é uma censura ao livre pensamento, tolhendo a expressão.


Sei que estou me alongando e me afastando do assunto, mas, somente a título de ilustração.


Um trecho de " Iracema" de José de Alencar.

" Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso; nem a baunilha rescendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas."

Isso é literatura.

Se fosse jornalismo seria mais ou menos assim:

" Iracema era virgem e nasceu em local remoto. Tinha longos cabelos negros, sorriso doce e hálito perfumado. De etnia tabajara, ágil e graciosa, costumava percorrer a pé o território ocupado pela tribo."

Se a " abolição da adjetivetura" , das palavras repetidas e outros recursos vierem a exacerbar a concisão, corremos o risco de termos que ouvir cada vez mais a expressão ( odiosa por sinal ) " tipo assim".


- Joãozinho, o que é a água?
- àgua, "pfissora" é tipo assim, coisa molhada.

Um abraço a todos

Criado em: 10/9/2013 20:50
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever
sem nome
muito bom, Luiz...

a ilustração citando José de Alencar em Iracema é um brilho nos olhos, é uma amostragem impecável do que é bem escrever...

por sabermos que há possibilidade de se chegar próximo ao que é literatura, é que devemos tentar denunciar, se vemos tantos desviando-se disso e outros a ferirem a Língua... como vemos aqui ultimamente...

meu abraço caRIOca

Criado em: 10/9/2013 21:41
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever
sem nome
*Das 'coisas' que o Caio coloca, muitas delas faço uso.
Contudo, concordo com o Luiz Moraes sobre a parte 'particular', de estilo próprio de cada um.
Quando comecei a escrever com o intuito de extravasar , canalizar toda essa minha sensibilidade, eu já era mais digamos 'lírica', 'floreada' mesmo.
Sempre gostei da riqueza que o adjetivo traz ao poema, ponto de vista pessoal.
Quando exercitei em oficinas literárias o estilo Poetrix, aprendi a condensar sentidos e sentires, a 'economizar' de certa forma as palavras.
Mudei um pouco, mas ainda gosto da sonoridade que o adjetivo traz na minha letra. É quase como dar vida ao que escrevo, seja em dor, amor, etc...
Contudo, de tudo que o Caio aqui expõe, da sua experiência, o último ponto eu sigo fielmente, escrevo, não deixo de escrever, todos dias escrevo, aquém opiniões sobre minha escrita, pois sou amadora.
Estava a pensar sobre esse termo, AMADORA, ele me dá uma sensação de liberdade, escrevo como quero, onde quero, por razões pessoais, coletivas, por gosto ou desgosto, por viver e sofrer, por viver e amar, por viver e sonhar, por viver e perder....para mim especificamente, até pouco tempo, assim me sentia aqui.
Um espaço extraordinário, onde podia exercer meu 'amadorismo' sem constrangimentos, sem desrespeitos, com total liberdade. Quando falo em desrespeito, falo de maneira ampla e coletiva. Um desrespeito ao autor, à Língua Portuguesa, A PESSOA que escreve.
Tenho para mim, como numa empresa, quando eu desmereço de alguma forma meu "local de trabalho', desmereço-me junto pois faço parte dele. Estou aqui, faço parte...
Às vezes, suspiro e penso, por que somente não escrevem , postam , partilham e pronto?
Se é um local para profissionais, escritores profissionais, estou no lugar errado...
Eu aprecio a palavra, essa escrita de forma correta, num contexto. Urge o respeito por isso sempre.
Aprendi aqui a partilhar, a dar e receber, seja em escrita ou não, afeto, amizade. Não é site de relacionamento, entretanto, para mim não tem como dissociar vida e poesia.
Estou cansada. São tantas provações que passo, e, invarialmente, não tem como não atingir o que escrevo, que a Poesia tornou-se alento. Penso em não postar mais, justamente porque não consigo dissociar vida e poesia.
Talvez fugi um pouco do que era o intuito, mas apreciei esse momento de opinião pessoal.
S.K*

Criado em: 12/9/2013 13:02
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever

Membro desde:
6/8/2009 19:29
De Sorocaba - SP - Brasil
Mensagens: 2022
Estou pensando.... O aprendizado não vem por si só, ou alguém ensinou, ou alguma situação ensinou, ou alguns erros ensinaram e assim por diante. Muitas vezes penso que os erros nos ensinam muito mais do que os acertos e, isto, remete-me para meu primeiro caderno de caligrafia: como era difícil coordenar os movimentos dos dedos, segurando o lápis para desenhar as vogais e, ali do lado, tinha minha borracha para apagar. Infelizmente, quando erramos na vida, não temos esta borracha para apagar e tem sempre alguém tentando nos lembrar dos nossos erros, somos até rotulados. Aprendemos com isto também, muito mais até, se tivéssemos acertado algo.

Bom dia.

Helen.

Criado em: 12/9/2013 18:00
_________________
Helen De Rose
No Clube de Autores
Transferir o post para outras aplicações Transferir


Re: das coisas que aprendi no luso sobre escrever
Colaborador
Membro desde:
30/6/2009 23:22
Mensagens: 6699
Aqui desenvolvi a minha liberdade de expressão.Escrever comecei a aprender na alfabetização, nos anos...Ah, contar tudo tintim por tintim ia tomar o fórum todo e transbordar para outras áreas do sítio!
Sobre escrever aprendi quase nada aqui.Já vim de bagagem feita.Agora, aprendi muito sobre como não escrever.Aprendi sim!Ora se aprendi!
Então é isso!Bjs Caio!

Criado em: 16/9/2013 14:10
_________________
Poema & Cia
Transferir o post para outras aplicações Transferir







Links patrocinados