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vendeste a minha vida por trinta moedas

 
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não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


é espermatozóide
é embrião
é nado-vivo
é menino
é moço
é senhor
é pai
é avô
é cadáver

é. é isso mesmo. é uma merda de um tempo que se apaga – o que fiz para não terminar em vão? diz-me tu ego de merda. iludiste-me e agora não tens um único travesseiro onde possas morrer dos sonhos que um dia imaginaste serem teus – não me venhas com experiências. ensaios. não me digas que isto foi apenas um teatro. um jogo de marionetes. onde eu segurei a corda que encerra a cena do homem que morreu a agoniar nos seus dotes – não, não permitirei que me leves assim, tu prometeste que se eu estudasse ia ser feliz, se não dissesse palavrões ia para o céu. e se me portasse bem. um deus qualquer em cima de um cavalo com asas brancas. deixaria cair a meus pés todos os meus desejos. vestia-me de desejo realizado – não posso mais. estou arrasado por uma dor que nasceu dentro de um espermatozóide maluco – esse dia. nem era dia de amor. estávamos apenas a brincar às casinhas. tu eras o médico e eu estava doente e dizias-me com os olhos em brilho que tudo se resolveria com um beijo. Judas. vendeste a minha vida por trinta moedas a um monte de palavras que nem ideias fazem – são loucas. não poderiam ser diferentes. nasceram de um espermatozóide maluco.
 
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sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 14/05/2010 12:30  Atualizado: 14/05/2010 12:30
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Usuário desde: 29/10/2008
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Mensagens: 7238
 Re: vendeste a minha vida por trinta moedas


bendita a hora.bendito espermatozóide maluco.vives.sofres(paciência...).escreves.ainda bem.

beijo

alex


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 14/05/2010 15:32  Atualizado: 14/05/2010 15:32
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Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 vendeste a minha vida por trinta moedas ao sampaiorego
as ditas são como o é este tempo - terríveis. às vezes gritam uma aflição sem encosto, é aí que eu entro com o colo livre para te levar, sabe-se lá por onde, até ao lugar de ser como a raíz, humidade no chão- terra. estas palavras não se podem nunca ler de trás para a frente, embora assim gostasse que fosse, abraçava o futuro com quem late pelo abandono. ninguém devia nascer abandonado, não aqui, neste lugar de ser húmida terra.




beijo,
mar.