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puta vida

 


não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


estávamos afinal os dois doentes: um ouvia para nada ver. o outro cegou para não ouvir - fora desta caixa mágica esquizofrénica deixei ficar os beijos. entrego-os em mão como carteiro e digo: são flores meus leitores – vestido a rigor. camisa cinza aberta até perto do umbigo. deixa ver tudo o que é entranhas. entre os pêlos hirtos do peito sobressai o cordão de ouro com um cristo pendurado pelas orelhas – está de castigo. digo eu – na cabeça um boné de basebol com um bordado a letras vermelho vivo: puta vida – o carteiro fica sempre doido duas vezes – depois. sem que as palavras estivessem autorizadas a sair dos olhos. parto com a caixa amarrada às costas – esfrego-a vezes sem fim mas não há génio – só reconheço o mau génio desta doença que me mata: pensar – e a cabeça a cair –
 
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sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 28/09/2011 08:13  Atualizado: 28/09/2011 08:13
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 Re: puta vida
achei muito original este dizer da incongruência entranhada no corpo todo.
puta vida seja ela onde for não há paz.
abraço


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 30/09/2011 23:16  Atualizado: 30/09/2011 23:16
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 Re: puta vida
Inteiramente inquieto vereda por vereda... beijo com pedaço de céu.