Poemas : 

voz-papel

 
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não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


não sei como escrever que a vida é um momento – entrei um dia dentro de um espaço com muitas palavras. percebi. gente escrevia. uns bem. outros assim assim – afortunado. a imaginação ganhou asas. as palavras fizeram-se gaivota e o sal do mar imaginária cobriu-me o corpo de voz-papel – agora. agora sou assim. escrevo assim assim. e nesta vida assim procuro o futuro – assim. sem saber que hoje é dia. sou assim ou assim assim. não sei. não sei mesmo. não é importante – sei que hoje tenho terra por baixo dos pés e um punhado de palavras ainda por dizer – o tempo? interessa? um dia só as árvores saberão. há mais ar e menos um nome por quem chamar – por mais tempo que viva nunca verei as árvores darem pássaros. só ruy belo sabe fazer das palavras árvores com pássaros – na minha árvore não haverá pássaros. os meus frutos cairão com as folhas de outono – silêncio – tal como o poeta continuarei a amar as árvores-pássaro enquanto elas crescerem dentro de mim – já falta pouco para brotarem abraços suplicantes –
 
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sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 21/02/2012 23:11  Atualizado: 21/02/2012 23:11
 Re: voz-papel
UM ADORÁVEL E MARAVILHOSOS POEMA, QUE ENCANTO

JOSÉ CARLOS RIBEIRO


Enviado por Tópico
Sterea
Publicado: 22/02/2012 01:41  Atualizado: 22/02/2012 20:58
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 Re: voz-papel
deram-me uma vida, em pequena, e eu achei-a tão grande, que sonhei fazer trinta por uma linha com ela: trinta por uma linha. uma linha! (só?...) tive que inventar momentos, à falta de mais linhas, claro. e no papel a cheirar a novo da minha imaginação, escrevi um ror de histórias que a brincar a sério vivi.
agora, sinto que tenho que devolver a vida, qualquer dia, e tenho medo de não a entregar em boas condições, inteirinha, compostinha, com as linhas todas certinhas e os momentos todos bem medidos. acho que não, não vou conseguir: afinal a vida é um rascunho que nunca terei tempo de passar a limpo. porque a vida, afinal, é pequena demais. afinal, em pequena, deram-me só um instante. enganaram-me.
o que vale é que guardei tudo o que inventei dentro de mim.

Até Sábado, meu amigo.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/02/2012 14:58  Atualizado: 22/02/2012 14:58
 Re: voz-papel
Assinzinho também renderá.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 22/02/2012 17:40  Atualizado: 22/02/2012 17:40
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 Re: voz-papel
palavras que confortam a carne (alma)
palavras seguem, permeiam tuas mãos
que crescem...correm em direção a luz
contra o silencio do papel... Ah, beijo enorme!


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 23/02/2012 22:32  Atualizado: 23/02/2012 22:32
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 Re: voz-papel
Sampaio,
Fizeste-me pensar na pequenez da condição humana, que, apenas tem terra por debaixo dos pés...
Quanto à tua escrita, considero-a "maior".
Beijo
Nanda