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Enviado por | Tópico |
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Jmattos | Publicado: 05/04/2020 13:30 Atualizado: 05/04/2020 13:30 |
Colaborador
![]() ![]() Usuário desde: 03/09/2012
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![]() Poetisa
Belo e sentido! Parabéns! Obrigada pela partilha! Bom domingo! Beijos! Janna |
Enviado por | Tópico |
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AntónioFonseca | Publicado: 05/04/2020 13:39 Atualizado: 05/04/2020 13:40 |
Colaborador
![]() ![]() Usuário desde: 31/05/2013
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Mensagens: 1344
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![]() Bonito e sentido soneto.✍️
É necessário ter a calma na alma pra se poder viver em paz de espírito, mesmo com os obstáculos e os espinhos no caminho da vida, para não se cair numa profunda escuridão. 🕊️😘 |
Enviado por | Tópico |
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marylouise | Publicado: 26/01/2021 21:40 Atualizado: 26/01/2021 21:40 |
Super Participativo
![]() ![]() Usuário desde: 26/05/2020
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Mensagens: 125
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![]() Sou tua fã, vou ser sempre!
É sempre um prazer ler os teus poemas! Carpe diem |
Enviado por | Tópico |
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AntonioCosta | Publicado: 27/01/2021 10:14 Atualizado: 27/01/2021 10:14 |
Da casa!
![]() ![]() Usuário desde: 02/05/2020
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![]() PROTOPOEMA
Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos nós cegos, puxo um fio que me aparece solto. Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os dedos. É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos, e tem a macieza quente do lodo vivo. É um rio. Corre-me nas mãos, agora molhadas. Toda a água me passa entre as palmas abertas, e de repente não sei se as águas nascem de mim, ou para mim fluem. Continuo a puxar, não já memória apenas, mas o próprio corpo do rio. Sobre a minha pele navegam barcos, e sou também os barcos e o céu que os cobre e os altos choupos que vagarosamente deslizam sobre a película luminosa dos olhos. Nadam-me peixes no sangue e oscilam entre duas águas como os apelos imprecisos da memória. Sinto a força dos braços e a vara que os prolonga. Ao fundo do rio e de mim, desce como um lento e firme pulsar do coração. Agora o céu está mais perto e mudou de cor. É todo ele verde e sonoro porque de ramo em ramo acorda o canto das aves. E quando num largo espaço o barco se detém, o meu corpo despido brilha debaixo do sol, entre o esplendor maior que acende a superfície das águas. Aí se fundem numa só verdade as lembranças confusas da memória e o vulto subitamente anunciado do futuro. Uma ave sem nome desce donde não sei e vai pousar calada sobre a proa rigorosa do barco. Imóvel, espero que toda a água se banhe de azul e que as aves digam nos ramos por que são altos os choupos e rumorosas as suas folhas. Então, corpo de barco e de rio na dimensão do homem, sigo adiante para o fulvo remanso que as espadas verticais circundam. Aí, três palmos enterrarei a minha vara até à pedra viva. Haverá o grande silêncio primordial quando as mãos se juntarem às mãos. Depois saberei tudo. José Saramago |
Enviado por | Tópico |
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CarolinaFonseca | Publicado: 27/01/2021 11:52 Atualizado: 27/01/2021 11:52 |
Da casa!
![]() ![]() Usuário desde: 15/08/2018
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Enviado por | Tópico |
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Mr.Sergius | Publicado: 27/01/2021 17:05 Atualizado: 27/01/2021 17:05 |
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![]() ![]() Usuário desde: 14/08/2018
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![]() Um belo poema. Somente uma grande poetisa pode ser capaz de escrever sobre um tema duro, com tanta leveza e suavidade. Saudações.
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