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Amor Silencioso

 
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Amor Silencioso

Emerges da noite escura,
de mansinho, flutuando,
de corpo velado da aura
de luz difusa que não cega;
E eu, na escuridão de mim,
pressuponho uma visão.

Da aura de luz que te cerca
vislumbro teu rosto sereno,
os lábios de mil promessas,
as mãos elevadas de paz...

Estremeço, inquieto, arfando...
É em vão que meus sonhos
surgem do infinito do desespero
da ilusão e do desencontro,
onde todos os caminhos idos
e vindos me lançam na solidão.

Meu amor, como anseio teu rosto,
Esse teu sorriso - porta entreaberta
à voracidade do desejo de beijos
e aos sussurros de enamoramento!

Mas não ouso tocar-te... o temor
apodera-se de mim como garra
que me amordaça os lábios
me manieta as mãos e crava,
acerada, o pânico no meu peito,
e me cerra, lancinante, o olhar.

Amor, sempre ciciaste, ternamente,
a partilha deste nosso amor distante
que nos fecunda os nossos sentidos
e nos exalta as nossas almas gémeas!

E eu te jurei sempre amor eterno!
Nossas almas são indivisíveis e imortais
mesmo que nossos corpos perecíveis
sejam duas naus à deriva, sem leme,
almejando portos de abrigo temporais,
onde ancorar e zarpar noutras rotas.

Respiramos no mesmo fôlego;
somos o "tu em mim, e eu em ti"!
E doamos toques e beijos ávidos,
como dois cegos que se tacteiam,
se se reconhecem pelos aromas,
e se sorvem famintos de amor.

Não escuridão, não descerro meu olhar!
Não te vou satisfazer essa crueldade
e esse esgar gargalhado que esmague,
na roda do desespero, este meu sonho!

(Meu amor eterno reentra na noite
e eu no breu dos meus terrores!)


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Lisboa, 28/05/2015
 
Autor
Poeta.sem.Alma
 
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