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Pardalito Vadio

 
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Pardalito Vadio

Pardalito vadio, pula aqui, pula ali, tresmalhado,
esvoaça num louco percurso, que só ele conhece.
Bicando, tem o seu sustento no que se lhe depara,
assustado, voa e refugia-se à beira de um telhado.
Emite breves e ritmados pios como quem agradece
favores - que sem direito - a sorte lhe negara.

Pardalito emplumado de tons matizados de castanho,
de olhar vivo, vigia, num eterno movimento circundante,
evitando perigos que se avizinham, foge frenético.
Pardalito, bonito, toma a minha alma sem tamanho,
que o teu voar não impede, e depõe-a agonizante
aos pés da minha amada, num último grito patético.

Voa pardalito, voa, procura a minha amada
e diz-lhe:- Dos despojos mortais encontrados, algo meu
lhe trazes - infima espécie do meu ser, quase nada,
pedaço perdido, insublime, sem lugar em nenhum céu

Por este favor, outro favor lhe pedirás: um naco de pão
para mitigar a tua fome, e para tua sede uma gota de água.
Se disso ela for incapaz, alimenta-te do seu doce coração
e bebe, dos seus olhos, uma dorida lágrima de mágoa.


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Lisboa, 21/07/2015.
 
Autor
Poeta.sem.Alma
 
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