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Rendição

 
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Rendição

Rendo-me…
Minha alma é escrava,
Penando a cada dia,
Da paixão do agradar...
Na dolorosa passividade
Da existência mortal,
E na agressividade
Da esperança imortal...

Rendo-me…
Sem resistência,
Almejando a paz,
Ao delírio do prazer,
À excitação dos sentidos.

Rendo-me...
às necessidades
imersas da volúpia,
à paciência pachorrenta
de nada fazer do nada.
Ao medo de te perder,
Na flagelação da posse.

Rendo-me...
Ao desapontamento
Do vazio da distância,
Do orgulho ferido por garras
De amores traídos
Ou não vividos.
À escravidão dos passados,
Às torturas dos presentes,
E à imolação dos futuros.

Rendo-me...
Ao poder dos olhares.
Dos grilhões dos poemas.
Ao fascínio das cores
E à tesão das dores.
Aos deveres sagrados
E imposturas danadas.
Aos abismos dos erros
E às palmas das certezas.

Rendo-me...
Às poucas felicidades
E aos muitos desesperos,
À falsidade das verdades
E à verdade das mentiras.
Às praxes das irmandades,
E à devassidão da embriaguez...


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Lisboa, 29/07/2015.
 
Autor
Poeta.sem.Alma
 
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