Sonetos : 

Soneto Mendicante

 
Soneto Mendicante

Na manhã gélida, a chuva grossa
desliza em lágrimas de troça
sobre a minha face perturbada.
Máscara de dor desenganada
pelo esgar da solidão vetusta
de trágico-cómica que assusta.

Nas ruelas prenhas de poças de água
piso feroz, de raiva e de mágoa,
lamas sujas de lixo urbano
- comunhão perfeita - eu, ufano,
mendigo andrajoso repasto
do mundo incapaz e me afasto.

Já nem alma tenho! Esqueci
para que demo sagaz a vendi.
E o coração é só pendular
que suporta este vadiar.

Não existem mais noites de sonhos
febris, nem dias futuros risonhos.
O tempo desfila impotente
no vazio de quem já nada sente.


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Autor
Poeta.sem.Alma
 
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