Embebedam-se de sangue e repousam sobre os corpos putrescentes,
os ladrões da noite.
Inimigos dos boêmios e dos poetas que vagam...
Aproximam-se sorrateiros, os ladrões da noite - oh, criaturas repugnantes!
Ao luar espreitam...
Rastejam, urram e espantam as frágeis garotas e outros passantes amantes da noite.
Seres sem alma que dissipam a calma.
Como pode um poeta escrever, se não há vida lá fora?
Nem um Ser, uma mulher a quem oferecer uma flor
ou sussurrar versos de amor...
Só o sofrimento tem lugar, nesta noite vazia e vã...
Desapareçam, ó crias de satã!
E o boêmio, que entre um copo e outro,
as mágoas pretende afogar?
Numa mesa de bar, só e triste...
Ouvindo aquela canção.... sentindo-se o verdadeiro astro,
ao reconhecer em si a desventura cantada – “mais um uísque!”
“Mais uma dor!”... A boate cheia... E nada para acalmar...
O temor toma conta, e a cidade se esconde.
A tormenta é tanta, pois real e próxima,
Que nada se vê, ouve ou acontece...
E o Poeta? O Boêmio? Ai, de que ama!...
“Ninguém nos roubará a noite!”, exclama o poeta.
Num impulso, o boêmio abre do bar a porta e...
Toda a vizinhança se põe à janela a espiar:
“Será o momento!? Já era tempo!”
Eu tenho um Eu verdadeiro que só Aquela que eu procuro pode libertar! - ainda estou desenvolvendo essa teoria...