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Rogério Beça | Publicado: 07/05/2020 22:31 Atualizado: 20/05/2020 07:03 |
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![]() Este poema, para alguém como eu, é um convite quase irrecusável.
Venho ao comentário com a intenção deliberada de falhar. Sobretudo pelo título. Estar na disposição de decifrar uma decifração, ou está-se demasiado dentro da pele do autor, conhecendo-o intimamente, por exemplo, e este é um “livro aberto”, ou estamos condenados ao insucesso, ou temos uma pitada de bom senso e sorte. A cifra pode ter várias hipóteses, mas a chave geralmente dá-nos o teor do conteúdo. Sem abraçar muito o que está proposto nos vários versos, olho para a estrutura e encontro algumas particularidades, quatro estrofes, dois quintetos ou quintilhas e no fim de cada uma um verso, quase não verso pela forma quase em parenteses. As simetrias são notórias nos quintetos. Desde o “fazer” no primeiro verso, ao “um” e “uma” (se bem que com a ordem invertida) no terceiro e quarto. A alusão a espaço fechado e seguro que aparece na primeira estrofe, ao espaço aberto e arejado na segunda. A simultaneidade da linguagem e da palavra nas duas. A claridade. Fosse na “...folha em branco...” ou na “...imensidão azulada...” O poder das “...árvores...” e da “...lentidão...” O desabafo dum “_sabe-se lá_” cheio de indecisão e de questões. O “...recomeço...” como algo que custa, mas que se saúda, apenas pela perseverança, ou pela esperança (a última a morrer). Ora se as gaivotas em terra são tempestade no mar, o que fazer? Um poema que diz muito dos revezes e das voltas que a vida dá, das portas que se abrem, amiúde inesperadamente, e que acaba com um verso que traz um pouco de inocência a quem o lê. Bem hajas. Abraço Obviamente que a decifração ficou por fazer, mas fica para a próxima... |
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