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Anquilosante

 
Tags:  poesia    escrita    introspeção  
 
diz-me agora,
pela forma como a água passa
por entre as nossas vozes,
se esta tarde acontece como
nos apetece namorar,
com uma distância anquilosante
entre os medos,
pelo meio dos formatos
do que ficou por chorar,....

não há ladainha que nos atormente,
nem a forma por explorar
dos abraços que nos encoraje,
há só um dia,
enquadrado no outro,
dois dias que fortalecidos pela
hora que não chega,
se tornam neste segundo do qual
não abdicamos,...

diz-me se vale a pena,
depois de tudo isto,
escrever algo
a menos que um testamento
de coisas por dizer

 
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theartist_lc
 
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 30/04/2020 18:03  Atualizado: 30/04/2020 18:03
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 1932
 Re: Aquilosante
às vezes, é a única coisa que vale...
Comentário 1


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/04/2020 18:06  Atualizado: 30/04/2020 18:06
 Re: Aquilosante
anquilosante ou ancilosante. aquilosante não existe, salvo erro. eu ainda acho que nem tudo vale a pena. agora fazer amor vale. só que não vale usar máscara nem luvas nem protector solar e claro, estamos sujeitos a morrer mas, vale sempre a pena quando a


Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 02/05/2020 17:15  Atualizado: 02/05/2020 17:16
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1932
 Re: Anquilosante
A anquilose surge quando uma articulação deixa de ser funcional, solidificando.
Falamos de desarticulação.
Ao aparecer na primeira estrofe, junto a distância, pode justificá-la. Até porque a palavra vem de forma adjectivada.
Entre um lugar e outro lugar.
Porque há muita ilusão em achar que há forças imbatíveis, sentimentos insuperáveis, e relações (por ex.) que não mudem ou sofram com ela.

A segunda estrofe tem o dom de marcar o poema. Cheia de metáforas coloca-nos a divagar além da distância espacial, na temporal.
De como vivemos obrigatoriamente iludidos com ideias sobre o agora e o amanhã.
"...neste segundo..." di-lo tão bem.
Mas construímo-nos em "...ladaínhas...", mesmo que por um momento tenhamos consciência do que nos dizes nessa segunda estrofe, não há como não abdicar desse instante e voltar ao paradigmático passado-presente-futuro (e de preferência longo).
É exactamente a memória desses dias (dois, ou mais) e da hora que esperamos, que nos define.

Continuo a achar que vale a pena.

Abraço