Poemas -> Sombrios : 

Parafilia

 
Tags:  vida    poesia    sombrio  
 
 
à soma de frases,
uso o teu sorriso
como tinta nas paredes
do atraso do tempo,
aconselha-me,
faz-me a novidade
de saber a calma que emitimos ao anoitecer,....

não me demito
desta obra,
se como entendo
o mundo,
esta será uma
recordação
daquela casa de que fugimos,....

mão sobre mão,
o caminho foi nosso,
como se o mundo
não nos dedicasse o
mesmo enlevo que
faz aos desprezados,
e guardasse só uma
pequena porção de gelo
para que a morte
fosse só um capítulo,
deste caminho para a perdição,
simbolizado,
inútil,
mas que percorremos juntos,...

até lá,
a fronte deste
empreendimento permanece
por consolidar,
não sei se o faremos
juntos

 
Autor
theartist_lc
 
Texto
Data
Leituras
882
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
19 pontos
1
1
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 13/06/2020 07:58  Atualizado: 13/06/2020 09:43
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1914
Online!
 Re: Parafilia
Assim olhando para o título dá para nos equivocarmos ou por-mo-nos a divagar.
Etimologicamente e, olhando para a raiz, Filia é de gosto, "do amor a" creio que do grego. O Para é um "além de", como o paranormal. Seria um gosto para além do gosto.

A maioria do senso comum associa a "parafilia" aos comportamentos sexuais desviantes. A pedofilia, o sadomasoquismo, a bestialidade...

O videoclipe leva-nos, para além dos gostos estranhos, para os estranhos com gostos.

Há sempre o risco de solidão em seres dessa dimensão.
A sociedade empurra-nos para a carneirada, de seguir um comportamento e um caminho.
Todos os outros são enlouquecidos e, ou, segregados.

Por isso a dúvida final do poema. Encontrar alguém que partilhe connosco algo é precioso. Daí os casamentos, por exemplo. ou os ajuntamentos de que sou fã.

Na primeira estrofe estabelece-se um quase diálogo entre o sujeito poético e outrém. Há um pedido de um conselho.
Já na segunda adensa-se a relação fazendo a promessa do compromisso.
"não me demito
desta obra"
é a isso que soa.
Na seguinte, mais extensa há uma explicação para o comportamento, digamos que desviante, e também esse reparo do tratamento diferente por parte da sociedade.

Consolidada ou não, há a dúvida que aparece que agrada qualquer leitor que assim pode imaginar o seu próprio final...

Denso e agradável, como quase sempre.

Abraço irmã\o