Enviado por | Tópico |
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(Namastibet) | Publicado: 03/11/2021 16:32 Atualizado: 03/11/2021 16:32 |
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![]() ![]() Usuário desde: 18/08/2021
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![]() Sublime, suprema arte … A vida é uma curta aberta Entre tempestades, é a bonança, No entanto cabem nela, Todos os comuns sonhos, E outros menos normais De ermitas e simples gente, Pra quem a vida é arte Sublime, suprema, não tão Pequena quanto a nossa, Se é que ela existe como Conta corrente eu nado morto, Miragem no deserto, A vida é uma curta aberta, E eu acabo por ignorar, As estrelas que do céu Me vêm pouco e sem tempo Entre as tempestade, a bonança Entre morte e renascimento, Quem me dera ser monge Ou camponês, pra ter estrelas A apontar do céu pra mim, Mesmo na noite mais escura Que o breu e fazer da morte, Instante menor que vida ultra, Sublime, suprema arte, A vida é uma vala comum aberta, Por onde passam destinos Soberbos e sobejos humanos, Despojos desiguais, uns mais Intensos mais nobres que de Roma, Os centuriões guerreiros das guerras Púnicas, outros que a gente perde Pra morte… Joel Matos (01/2018) https://namastibet.wordpress.com/ http://joel-matos.blogspot.com . . . . . |
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Enviado por | Tópico |
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(Namastibet) | Publicado: 06/03/2022 20:31 Atualizado: 06/03/2022 20:31 |
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![]() se és homem vem a mim e deixa os outros, otário cabrão
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Enviado por | Tópico |
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(Namastibet) | Publicado: 26/05/2022 15:58 Atualizado: 26/05/2022 16:01 |
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![]() ![]() "Enquanto não possuía nada além da minha cama e dos meus livros, eu estava feliz. Agora eu possuo nove galinhas e um galo, e minha alma está perturbada. A propriedade me tornou cruel. Sempre que comprava uma galinha amarrava-a dois dias a uma árvore, para impor a minha morada, destruindo em sua memória frágil o amor à sua antiga residência. Remendei a cerca do meu quintal, a fim de evitar a evasão dos meus pássaros, e a invasão de raposas de quatro e dois pés. Eu me isolei, fortifiquei a fronteira, tracei uma linha diabólica entre mim e meu vizinho. Dividi a humanidade em duas categorias; eu, dono das minhas galinhas, e os outros que podiam tirá-las de mim. Eu defini o crime. O mundo encheu-se para mim de alegados ladrões, e pela primeira vez eu lancei do outro lado da cerca um olhar hostil. Meu galo era muito jovem. O galo do vizinho pulou a cerca e começou a corte das minhas galinhas e a amargar a existência do meu galo. Despedi o intruso a pedrada, mas eles pularam a cerca e aovaron na casa do vizinho. Eu reclamei os ovos e meu vizinho me odeia. Desde então vi a cara dele na cerca, o seu olhar inquisidor e hostil, idêntico ao meu. Suas galinhas passavam a cerca, e devoravam o milho molhado que consagrava aos meus. As galinhas dos outros me pareciam criminosas. Persegui-os e cego pela raiva matei um. O vizinho atribuiu grande importância ao atentado. Ele não aceitou uma indemnização pecuniária. Retirou gravemente o corpo do seu frango, e em vez de comê-lo, mostrou-o aos seus amigos, o que começou a circular pela aldeia a lenda da minha brutalidade imperialista. Tive que reforçar a cerca, aumentar a vigilância, aumentar, em suma, meu orçamento de guerra. O vizinho tem um cão determinado a tudo; eu pretendo comprar uma arma. Onde está minha antiga tranquilidade? Estou envenenado pela desconfiança e pelo ódio. O espírito do mal tomou conta de mim. Eu era um homem. Agora eu sou um dono." ("Galinhas", do anarquista Rafael Barrett, Paraguai, 1910.) |
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