Enviado por | Tópico |
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Jorge Santos | Publicado: 07/12/2022 19:43 Atualizado: 20/12/2022 16:16 |
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![]() Eu nunca tive facilidade d'agradecer nad'a ninguém, Nem uma dor de dentes constitui pra mim Uma aflição exagerada, sinto como um Lama Do Tibete, não preciso agradar nem reprovo Em absoluto, amo a tranquilidade como um recluso, Uma obra de arte legítima, espiritual, privilegio A intenção acima de tudo como uma cereja Sobre um muro, coerente com o mundo, E consigo mesma, num todo a nossa substância É igual, um resumo de matéria negra, ocultamos Um caroço duro de roer sob a polpa lesada, a essência. Eu nunca tive opiniões que me bastassem, no fundo A aptidão em mim é silente, não vale quase nada Nem interrompe o que penso assim como numa Cidade deserta de funcionários, o silêncio também É mudo assim como a pedra, som nenhum sai dela, Nem o encanto é uma esquina por onde a tarde Se evade, se esconde e eu nela, plagio o lusco-fusco Sem pressuposto contacto físico |
Enviado por | Tópico |
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Jorge Santos | Publicado: 15/12/2022 10:16 Atualizado: 16/12/2022 22:38 |
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Enviado por | Tópico |
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Jorge Santos | Publicado: 30/01/2023 15:57 Atualizado: 30/01/2023 16:02 |
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![]() ![]() A Meus Filhos A meus filhos desejo a curva do horizonte. E todavia deles tudo em mim desejo: o felino gosto de ver, o brilho chuvoso da pele, as mãos que desvendam e amam. Marga, meu fermento, neles caminho e me procuro, a corpo igual regresso: ao rápido besouro das lágrimas, ao calor da boca dos cães, à sua língua de faca afectuosa; à seta que disparam os ibiscos, à partida solene da cama de grades, ao encontro, na praia, com as algas; à alegria de dormir com um gato, de ver sair das vacas o leite fumegante, à chegada do amor aos quatro anos. António Osório, Este poeta, meu vizinho e vivendo a pouco mais de 200 mts de minha casa em Azeitão morreu a 18 de novembro de 2021 in 'A Raiz Afectuosa' |