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Do que tenho dito ...

 
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Do que tenho dito ...
 





Do que tenho dito …





Assim não é viver,
Como girassóis desfiando
O Sol desd'o começo ao início,
Até não haver mais postiço céu
Ou horizonte branco cor d'visco,

Assim não é viver,
Mistura chão de terra
Com desejo e esperança desfraldada
Mas banal, aliança absoluta
Humana de facto, desperdício

Ter do que os outros têm
Tido, o mesmo suposto
Inútil, o fútil vulgar vício fictício,
O incontido, o mestiço pensamento
D'ametade, do que tenho dito ...

"Sem contar da'verdade",
Duvido dos rins, do fígado
E, como vinha dizendo
Do umbigo que me alberga
Não totalmente, mas "en'parte".

Viver não é visto como a natureza
Das coisas violentas, terríveis
Mas do seu lado atraente e belo
De paixões emotivas, medidas
Do quadril à garganta.







Joel Matos (Dezembro 2022)




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Jorge Santos
 
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Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 13/12/2022 12:04  Atualizado: 20/12/2022 15:46
Administrador
Usuário desde: 18/08/2021
Localidade: Azeitão, Setúbal, Portugal
Mensagens: 2142
 Que Neruda viesse

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Eu já tenho as pupilas desoladas
de não ver um caminho enganador!

Pensar que o Sol, quando eu houver morrido,
sairá...! Por que não deverá sair?

Sou uma esponja que ninguém premeu,
e sou um vinho que ninguém bebeu.









Pablo Neruda


Que Neruda Viesse
Pra me vir curar
Com uma só pena,
Como me disse ele;

Nunca tive exilio
Tão real quanto
O dele, tão vivo
De verde vida,

Tão madressilva
De vermelho ouro,
Semelhante a fogo
Maduro azul paul

Se Neruda visse
Esta carta escrita,
Não saberia que fui eu
Nem faria diferença,

Abro os braços
E sonho, sonhando
Amigos e sonhadas
Coisas que nunca somos,

Nem meus próprios
Sonhos sou,
Independente de quem
Eles sejam.

Que Neruda viesse,
Tenho Dúvida,
Conhecendo Neruda
Detrás prá frente,

De modo a tomá-lo
Por irmão meu.
(Pura inveja,
Não porque certo.)





J.S.








O Pássaro Eu


Chamo-me pássaro Pablo,
ave de uma pena só,
voador na escuridão clara
e claridade confusa,
minhas asas não são vistas,
os ouvidos me retumbam
quando passo entre as árvores
ou por debaixo das tumbas
qual funesto guarda-chuva
ou como espada desnuda,
estirado como um arco
ou redondo como uma uva,
voo e voo sem saber,
ferido na noite escura,
aqueles que vão me esperar,
os que não querem meu canto,
os que me querem ver morto,
os que não sabem que chego
e não virão para vencer-me,
a sangrar-me, a retorcer-me
ou beijar minha roupa rota
pelo sibilante vento.
Por isso eu volto e vou,
voo mas não voo, mas canto:
pássaro furioso sou
da tempestade tranquila.


Pablo Neruda

Enviado por Tópico
GabrielaMaria
Publicado: 13/12/2022 12:56  Atualizado: 13/12/2022 13:01
Da casa!
Usuário desde: 04/09/2022
Localidade:
Mensagens: 385
 Meus ombros estão pesados e ando corcunda
.

No meu ombro carrego as lutas do espírito e no corpo a tristeza de um futuro sombrio
Talvez carregaria um espelho, eu ficaria parada, e nem flor seria, ao ficar me observando não seria possível ver o outro lado, mas pior estou eu só vejo a sombra do meu corpo

Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 20/12/2022 15:18  Atualizado: 20/12/2022 15:44
Administrador
Usuário desde: 18/08/2021
Localidade: Azeitão, Setúbal, Portugal
Mensagens: 2142
 Re: Do que tenho dito ...

Adoro estas feições, tão atuais tão realistas
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Segundo Bosch Hieronymus, quando se aproxima a morte mais valor tem o tempo de vida, menos vale o que dizem ou fazem os toscos, imundos e tacanhos deste triste, velho mundo