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Poemas : 

Má Casta

 
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Má Casta
 

Odd Nerdrum



Má Casta



Sendo de excluída e má casta,
Sou vinho d'pessoa alguma,
Porque só eu, a mim me brindo,

Sou o que me embriago
De berros e do mau talento,
Apenas me pesa, oca do pego

Ao pulso, a náusea da mal
Parida, da avulsa frase mal eleita,
Infeliz, cansada de nada dizer.

Presas à minha bombástica boca
Com'o escárnio de mim próprio,
Rombas Agulhas como que me picam,

Escalavradas, severas, ásperas
Insinceras a tempo inteiro,
Pobre-diabo, doente louco, pouco

Generoso, sem merecida esperança,
Morto vivo de infelicidade, doença
Crónica, lesmo sem alma

Ou lar, enlameado d'lama, ranço
E mosto, cama de engaços, algemas
Houdinescas, as chamas evoluem

Sem formas, envolvem-me indistintas
Como num voo tonto, quem sou eu
Que me vejo moscardo alado

Sendo da extinta mais bera casta
Humana que veio à Terra rastejando





Joel Matos (12/2022)






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Autor
Jorge Santos
 
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Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 17/12/2022 20:36  Atualizado: 17/12/2022 20:36
Administrador
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 Mala Posta
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Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 19/12/2022 10:26  Atualizado: 19/12/2022 10:35
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Mensagens: 2147
 Re: Má Casta
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Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 23/12/2022 19:59  Atualizado: 23/12/2022 19:59
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Mensagens: 2147
 Quase tudo é poesia, excepto :)

Enviado por Tópico
Jorge Santos
Publicado: 14/01/2023 00:24  Atualizado: 14/01/2023 00:24
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 Embriagai-vos porra !





Embriagai-vos porra !



Deveis andar constantemente embriagados. Tudo consiste nisso: eis a única questão. Para não sentirdes o fardo horrível do tempo, que vos quebra as espáduas, vergando-vos para o chão, é preciso que vos embriagueis sem descanso.
Mas, com quê? Com vinho, poesia, virtude. Como quiserdes. Mas, embriagai-vos.
E se, alguma vez, nos degraus de um palácio, na verde relva de uma vala, na solidão morna de vosso quarto, despertardes com a embriaguez diminuída ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntais que horas são. E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio vos responderão: — É a hora de vos embriagardes! Para não serdes escravos martirizados do tempo, embriagai-vos! Embriagai-vos sem cessar! Com vinho, poesia, virtude! Como quiserdes!


— Charles Baudelaire,

In Poemas em Prosa