É preciso atentar-se à sintaxe. A diferença entre poesia e prosa dá-se por ser a primeira descontínua, de retornos a si mesma (“verso” provém do latim versus, que por sua vez deriva do particípio passado de vertere [voltar, virar, desviar]), enquanto a segunda é contínua, fluída e segue seu fluxo feito o rio. A poesia não pode ser lida em busca de uma mensagem direta, é construção por imagens, de uma metáfora por cima da outra até clarear-se a metáfora maior que sustenta a unidade dos versos. Poesia é para gerar sensações em seu interlocutor, uma vez que é a condensação dos cinco sentidos em unidades melódicas; e não transmitir uma mensagem clara, inequívoca. Dito isso, volta-se a questão inicial: pode-se quebrar em linhas verticais a prosa, mas a sua sintaxe direta e contínua não se deixa enganar.
Algumas referências bibliográficas:
Indagações sobre o verso livre - Carlos Felipe Moisés
A Dialética Simbólica - Olavo de Carvalho
A Razão da Poesia - Luis Dolhnikoff
A Criação Literária: Poesia - Massaud Moisés