Um absurdo da língua é falar sem saber ler
Dar tempo ao tempo porque nada se passa
E andar para trás a apagar erros do passado
Chegar a casa, beber até cair e adormecer
Esquecer onde deixou a vida oca e devassa
E acordar três dias depois ainda ressacado
Isso sim é saber viver no limbo mais fino
No fio da navalha que nos corta e recorta
Que matreira nos vai fatiando no amanhã
No limite saímos abraçados a igual destino
De olhar fixo na estranha natureza morta
Que nos consome logo cedo pela manhã
A inocência do tolo mata como um pecado
A sua doce estupidez é o seu metrónomo
As suas pequenas mãos engolem o mundo
A salivar profere pragas extasiado, drogado
Tremem-lhe as entranhas e ele, monótono
Repete o discurso num silêncio vagabundo
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma