Queria fazer um verso...
Queria fazer um verso
que pudesse expressar
o retumbar da cascata
as ondas altas do mar
o dia com sua alva
a noite com seu luar
Queria mostrar no verso
a imponência do condor
as nuvens como ovelhas
o vento como pastor
e as abelhas bebendo
o mel na taça da flor
Queria mostrar o sol
acendendo como tocha
despertando a montanha
enxugando cada rocha
e aquecendo a corola
do cravo que desabrocha
Queria ver no meu verso
o resplendor do luzeiro
e num dia de outono
o empenho do barreiro
fazendo sua casinha
no ombro do ingazeiro
Eu queria versejando
falar de uma formiga
que levando uma folha
de capim ou de urtiga
nunca se perde na trilha
nem descansa com fadiga
Eu queria descrever
a lagarta de cor preta
que o carcará procura
com seus olhos de luneta
mas consegue escapar
quando vira borboleta
Queria mostrar a seda
na aranha peçonhenta
que caminha entrelaçando
um fio que não rebenta
mesmo sendo esticado
na ramagem quando venta
Queria saber falar
de um dia nebuloso
onde o sol se escondeu
esperando cauteloso
pra abrir sua cortina
de tecido luminoso
Queria mostrar o vento
desenhando sem modelo
na grande tela do céu
suas montanhas de gelo
desmanchando e refazendo
calmamente e com desvelo
Queria a serenidade
das águas de uma fonte
e a claridade que chega
esboçando atrás do monte
o final da madrugada
nos portais do horizonte
Queria ser um poeta
com o estro mais afim
quando vejo a roseira
vicejando no jardim
cercada de borboletas
pedindo verso pra mim
Eu queria ter o dom
de ilustrar o que eu vi
num certo dia de maio
quando um raro colibri
bailava suavemente
ao redor de um bogari
Eu queria versejar
como canta o sabiá
entre os ramos em flor
de um velho jacarandá
nos momentos de lirismo
que a primavera nos dá
Queria ser um poeta
que mostrasse comovido
no primor da natureza
que por nós é conhecido
um claro remanescente
do paraíso perdido
O que é a paixão?
É aquele sentimento
que em excesso se reprova?
Quando não correspondido
cada dia se renova
ou se guarda em segredo
como faz a lua nova?
É o desejo de viver
um romance permanente
que se quer definitivo
sempre intenso e ardente
e que tenha a expansão
da lua em quarto crescente?
É o caminhar na praia
de um casal que não receia
ter seus passos um por um
apagados na areia
porque vão iluminados
no esplendor da lua cheia?
Ou apenas um ardor
que se almeja constante
mas se mostra com o tempo
uma chama hesitante
que só vai diminuindo
como a lua no minguante?
A filha da noiva do pistoleiro
No faroeste selvagem
de nativo e forasteiro
aconteceram histórias
de enredo aventureiro
Uma delas é A filha
da noiva do pistoleiro
A nossa trama começa
em cidade do Arizona
que é onde um xerife
por uma linda colona
que procurava seu pai
com furor se apaixona
Nós já sabemos que Fred
com a Jéssica se casou
Foi um caça-recompensas
que depois se aposentou
Mas uma filha tiveram
que a sua mãe puxou
No rancho do pai a moça
trabalhava sem fricote
sabendo usar o machado,
o martelo e o serrote
aprendendo com a mãe
o manejo do chicote
Certa feita num salão
Fred estava entretido
esperando que chegasse
na cidade um bandido
quadrilheiro perigoso
só por ele conhecido
Com ele estava o xerife
esperando o bandoleiro
pra dar ordem de prisão
e levá-lo prisioneiro
só precisando que Fred
apontasse ele primeiro
Ele nem desconfiava
que esperavam em vão
O bandido procurado
já estava na prisão
Mas seriam envolvidos
numa outra situação
De repente ali chegou
em um bonito alazão
a jovem filha de Fred
já de chicote na mão
Amarrou o seu cavalo
e penetrou no salão
Vestida como rancheira
parou olhando os presentes
como quem procura alguém
que está entre os clientes
enfrentando os cobiçosos
olhares concupiscentes
E apesar da sua roupa
ser de rancheira singela
seu traje não escondia
a beleza da donzela
que faria um roseiral
chorar de inveja dela
Avistando o pai na mesa
com ele já foi gritando:
- Papai o que você faz
em mesa de bar jogando?
Já faz tempo que estou
na cidade o procurando!
Surpreso ao ver a filha
chegando de relancina
Fred a ela retrucou:
- Não é você na cantina
que não sabe que aqui
não é lugar de menina?
Mas a jovem a seu pai
não conseguia escutar
uma vez que o pianista
(um artista do lugar)
um piano barulhento
não parava de tocar
A moça pediu silêncio
mas ele não quis parar
Nisso o fio do chicote
deu um estalo no ar
e na perna do piano
começou a se enrolar
Com bastante agilidade
a jovem deu um puxão
e a perna enroscada
se partiu no safanão
fazendo todo o piano
cair e quebrar no chão
Demonstrando embriaguês
nas expressões faciais
um mineiro aproximou-se
e com gestos teatrais
gritou para a menina:
- Mas assim já é demais!
O chicote novamente
com força foi estalando
Na garrafa de vermute
que ele estava segurando
com extrema rapidez
foi o fio se enrolando
Para longe do sujeito
a garrafa foi puxada
e batendo na parede
terminou estilhaçada
Todo povo admirou-se
com aquela chicotada
O mineiro incomodado
com aquela humilhação
tentou sacar a pistola
mas ficou na pretensão
que com outra chicotada
a arma saltou da mão
A jovem disse: - Vocês
não sejam tolos assim!
Se um outro engraçadinho
quiser atirar em mim
vai levar as chicotadas
rinchar e comer capim!
Um jogador que fumava
disse a ela: - Querida,
aqui é lugar de jogo,
de mulheres e bebida
e a porta da entrada
é a mesma da saída!
Em resposta ao sujeito
nesse momento se ouviu
um estalo de chicote
que no esticar do fio
o charuto aceso dele
num golpe seco partiu
Com aquilo o jogador
por perder a sensatez
foi sacando a pistola
com notável rapidez
pra fazer a mira nela
mas nem isto ele fez
Antes que ele pudesse
sua pistola apontar
levou outra chicotada
que fez a arma voar
Só a mão do jogador
ficou parada no ar
E como se não bastasse
ela enroscou o chicote
na perna da mesa dele
que só cobra dando bote
puxando com tanta força
que ela deu um pinote
Deixando mesa e piano
pelo chão desmantelados
aquela jovem rancheira
com seus modos arrojados
já testava a paciência
dos clientes enraivados
Foi ali que o xerife
fez a sua intervenção
explicando para a moça
que eles tinham razão:
- Você precisa sair!
Não queremos confusão!
- Só vim buscar o meu pai
que só anda desarmado!
Já terminaram seus dias
de pistoleiro afamado!
Não quero vê-lo voltando
para casa embriagado!
- Eu entendo sua queixa,
mas preciso dele agora!
Então peço que você
fique esperando lá fora!
Com pouco dou permissão
pra vocês irem embora!
Palavras não eram ditas
e a jovem já respondia
com mais uma chicotada
no chapéu que ele vestia
que voando para o alto
no meio se repartia
Com maior velocidade
o xerife disparou
e no cabo do açoite
o seu tiro acertou
Finalmente o chicote
da mão de Daisy vuou
Pegando no braço dela
sem qualquer hesitação
o xerife levou Daisy
para fora do salão
querendo ligeiramente
resolver toda questão
Não querendo fomentar
atritos com a donzela
ou mesmo com o seu pai
o xerife por cautela
foi recolher o chicote
e o devolveu pra ela
Perto da porta apartada
ela sentou-se chorando
De repente vislumbrou
um forasteiro chegando
que apeou do seu cavalo
e foi no salão entrando
O tipo mal-encarado
gritou pra todo salão
com um jeito insolente
que chamou a atenção
avisando ao xerife
em tom de provocação:
- Vim aqui para propor
ao xerife aqui presente
um duelo de pistolas
pois no passado recente
levou pra forca meu pai
que estava inocente!
O xerife se erguendo
disse ao desconhecido:
- Para forca ou prisão
já levei muito bandido!
O juiz é quem decide
como alguém será punido!
- Eu declaro a vocês
que a questão é pessoal!
O juiz foi corrompido
e quero um ponto final
decidindo num duelo
de igual para igual!
O xerife achou melhor
para infundir respeito
aceitar esse duelo
e tirar algum proveito
encerrando a questão
com 1 susto no sujeito
Como aquele xerife
era firme em seu brio
foram eles para rua,
ribalta do desafio,
como já era de praxe
no faroeste bravio
Com a gente do salão
toda ali testemunhando
frente a frente os dois
ficaram se estudando
que daria para ouvir
até mosquito passando
A tensão tomava conta
daquele breve momento
Parecendo estatuetas
aspirando ao movimento
só o lenço do xerife
se movia com o vento
Quando sacaram as armas
só um deles disparou
Foi o xerife que o tiro
na mão do outro acertou
Ninguém viu pra onde foi
que a arma dele vuou
Foi então que o xerife
disse ao desconhecido:
- Acertei só a pistola
e você não foi ferido!
Espero que considere
o duelo concluído!
Pensando que o sujeito
tinha aprendido a lição
o xerife confiante
virou-se pra multidão
pedindo que todos eles
voltassem para o salão
Todavia o forasteiro
pela vingança movido
ao notar que o xerife
já estava distraído
foi sacando um punhal
no casaco escondido
E sabendo usar a arma
com espantosa destreza
foi arremessando ela
com ataque de surpresa
para não dar ao xerife
uma chance de defesa
Nisso ouviu-se o estalo
de um golpe magistral
do chicote da rancheira
que acertando o punhal
desfazia em pleno ar
seu movimento fatal
O forasteiro pagou
pela sua ousadia
Por atacar o xerife
com nefanda covardia
pelo mesmo foi levado
para uma enxovia
E com Daisy o xerife
ficou muito agradecido
perguntando para ela
se o queria por marido
que bastante satisfeita
aceitou o seu pedido
FIM
Décimas avulsas
As mulheres que são especiais
são a força da nossa inspiração
conquistando o mais duro coração
com somente atributos pessoais
Vendo numa as virtudes principais
é a quem dispensamos mais amor
que nenhuma chamamos de uma flor
sendo velha, grosseira e feiosa
Mulher nova, bonita e carinhosa
faz o homem gemer sem sentir dor
Esses versos que estou escrevendo
num estilo medido e rimado
são vagões de sentido figurado
de um trem de poesia se movendo
E as rimas que você está lendo
são paradas em uma estação
O bilhete da interpretação
você paga pra ser um passageiro
da viagem que faz nesse roteiro
pelos trilhos da imaginação
Nesse mundo eu já tinha observado
que a maldade costuma triunfar
e aquele que passa a praticar
a bondade é sempre castigado
E buscar na maldade resultado
essa foi a mancada que eu dei
Quando soube o mundo que errei
num instante o castigo me enviou
Só pra mim é que ele funcionou
Quis dar uma de esperto e me ferrei
A saudade cercou meu coração
desde o dia que ela foi embora
igualmente uma lei que já vigora
decretando somente a solidão
Eu que fui como um dia de verão
sou a noite chegando no poente
Eu que fui a represa da enchente
sou um rio secando na vazante
Não existe saudade mais cortante
que a sentida por um amor ausente
Se agora eu ganhasse uma rede
eu buscava um livro para ler
Uma água de coco pra beber
e um gancho fixado na parede
Com a água eu matava minha sede
com o livro aprendia uma lição
Com o pé eu daria um empurrão
para ver se a rede balançava
e com esse balanço que ela dava
eu dormia com meu livro na mão
Se a mulher que me ama possuir
uma herança enorme pra gastar
e meu preço vier me perguntar
seu dinheiro não vai me seduzir
Eu só tenho apenas que sentir
que seu beijo e abraço tem calor
não me dando motivos pra supor
que o interesse é apenas passageiro
Eu não tenho amor pelo dinheiro
e dinheiro não compra meu amor
Cada um tem na sua própria história
um momento que foi de plenitude
Foi a fase que eu tinha juventude
a mais bela da minha trajetória
O que tenho guardado na memória
desse tempo é só felicidade
Porque o tempo da nossa mocidade
é o melhor pra ficar rememorando
Pelos trilhos da vida deslizando
Sou um trem carregado de saudade
Definir a beleza da mulher
é querer limitar o infinito
e nem mesmo o verso mais bonito
poderia cumprir esse mister
Hoje sei que o poeta o que mais quer
é compor para ela um doce hino
porque ser nossa musa é seu destino
cada dia, semana, mês e ano
E é por isso que afirmo sem engano
que sou fã do semblante feminino
Meu pomar, minha horta e meu jardim
quando lembro me ponho a chorar
Vim pra cá sem vontade de ficar
Voltarei lastimando porque vim
É por isso que estou sempre assim
com saudade apertando o coração
Eu só quero voltar para meu chão
donde fui sem apelo desterrado
Fui menino do mato e fui criado
nos rincões esquisitos do sertão
Eu já tive um momento de loucura
que pensava ser de felicidade
Mas trair a minha cara-metade
só deixou sofrimento e amargura
Enredado em fútil aventura
hoje eu sei porque nunca fui feliz
Pois eu tinha que amar só a matriz
no amor não se pode abrir franquia
Eu deixei de amar quem me queria
pra amar a alguém que não me quis
Poesia em sentido figurado
é um fruto da imaginação
Seu sabor é a interpretação
Sua polpa é o verso inspirado
O pomar onde ele é cultivado
é o grande pomar da estesia
Nesse fruto o leitor se delicia
com a casca, o gomo e a semente
O bagaço é cuspido e somente
a essência do fruto nos sacia
Nunca mais vou pegar em sua mão
nem cumprir as promessas que lhe fiz
Se contigo já fui muito feliz
hoje penso que tudo foi em vão
Pois você maltratou meu coração
como se meu amor não fosse nada
Para ter minha paz ameaçada
a saudade já chega e me tortura
Por mais longa que seja a noite escura
sempre o sol vem trazer a alvorada
O fracasso da causa e a causa do fracasso
O fracasso da causa comunista
promovido em quase o mundo inteiro
sendo efeito do erro mais grosseiro
de se crer numa idéia utopista
ampliando os lesados dessa lista
que tem Laos, Camboja, Rússia, China,
Alemanha cercada na cortina,
a Coréia e países africanos,
repetiu-se aqui com os cubanos
e avança na América Latina...
Por aqui a esquerda brasileira
prometendo fazer muitas mudanças
retirou do país as esperanças
com mãos cheias de óleo e sujeira
Foi não foi levantou sua bandeira
escondida na sombra do gramscismo
A corrente do patrimonialismo
com os anos foi mesmo ampliada
Nossa pátria está sendo acuada
empurrada que vai para o abismo
Engendrando uma vã teologia
disfarçada de crença religiosa
a disputa na igreja foi rendosa
devorando no bolo uma fatia
Resultado de trama tão sombria
foi o lobo ficar mais atrevido
Atacou um rebanho iludido
na de Roma, Lutero e Metodista
pra rezarem cartilha marxista
como se estivessem num partido
Foi Karl Marx na sua juventude
um cristão numa vida desregrada
Caminhando em trilha tão errada
corrompeu-se por sua atitude
Com a alma sofrendo inquietude
conheceu a mudança imprevista
Os relatos dão mais de uma pista
de que a sua fé sofreu revés
aceitando por guia Moses Hess
para entrada na esfera ocultista
Pois é esse o mentor do socialismo
que nas teses que havia formulado
foi de Deus inimigo declarado
para ver triunfar o satanismo
Basta ver nos anais do esquerdismo
o terror do passado mais grotesco
a barbárie em drama gigantesco
genocídios,expurgos, crueldades,
escravismo e demais atrocidades
e a fome em grau sempre dantesco
Bibliografia:
Era Karl Marx um satanista?
Richard Wurmbrand
O Livro Negro do Comunismo
ANDRZEJ PACKZOWSKI,
JEAN-LOUIS MARGOLIN,
JEAN-LOUIS PANNE,
KAREL BARTOSEK,
Nicolas Werth,
e Stéphane Courtois
Hoje é o dia mundial do livro
Dia 23 de abril
Se o livro é a base da cultura
para o povo não pode faltar nada
A leitura é pra ser compartilhada
que é pra isso que serve a leitura
Quem trabalha com a literatura
desenhista, poeta ou escritor
se no texto ele hospeda o leitor
é no livro o lugar que ele mora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Nesse dia é preciso promover
proteção aos direitos autorais
que os livros nos são essenciais
e é ato importante o de ler
Todo aquele que vive de escrever
nas idéias que passa a expor
da cultura se torna um defensor
com as obras que ele elabora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Nosso mundo está muito avançado
no progresso da tecnologia
que na mídia aparece todo dia
um recurso pra ser utilizado
mas o livro não foi ameaçado
por aquilo que é inovador
já que ele mantém o seu teor
com o mesmo prestígio de outrora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Nessa data é preciso promover
uma grande e profunda discussão
onde o povo receba a atenção
no direito de ler e escrever
O acesso aos livros pode ser
uma meta que temos que propor
que se falta escola e professor
é questão que o governo ignora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
Parabéns a quem faz divulgação,
sem visar interesses mercantis,
dos autores que tem nosso país
promovendo a leitura em profusão
Merecida é a comemoração
mas o prêmio quem ganha é o leitor
quando abre um livro de valor
e nos seus cotovelos se escora
Hoje o dia que o mundo comemora
é do livro e direito do autor
O resultado das apostas em jogos de azar
O assunto em questão
é um problema real
São os jogos de azar
que no estágio atual
já estão configurados
num flagelo social
Eu pergunto ao leitor
que aposta seu cascalho
em bozó, briga de rinha,
bingo, bicho ou baralho:
que lucro dá o dinheiro
recebido sem trabalho?
O apostador só quer
se divertir no início
depois fica seduzido
por um lucro fictício
e a praxe da jogatina
termina virando vício
Quem joga pode mostrar
os sintomas de um doente
Onde mora ou estuda
vai se tornando ausente
Ter mais tempo pra jogar
é seu desejo fremente
E quem fica endividado
com os jogos de azar
vende tudo o que tem
mas não para de jogar
que o vício no comando
não dá ordem pra parar
Investir na jogatina
é um processo oneroso
Quando o jogador acerta
com um prêmio fabuloso
paga tudo o que deve
em um ciclo vicioso
Se ganhar dinheiro fácil
era o primeiro incentivo
acaba na bancarrota
porque o vício ativo
conjuga o verbo jogar
sempre no imperativo
Tem muitos jogos de azar
que estão legalizados
onde poucos vencedores
tem sonhos financiados
com dinheiro que foi pago
por milhões de azarados
Quem procura no cassino
um negócio lucrativo
vê a sorte se ofertar
com um preço abusivo
e só premiar os donos
com poder aquisitivo
O freqüentador do bingo
clandestino ou liberado
de cartela em cartela
com o vício é premiado
e só busca o tratamento
quando está endividado
Já no turfe é a paixão
que arrecada o dinheiro
O prêmio passa montado
no cavalo mais ligeiro
e o acaso atropelando
sempre chega em primeiro
Se vê no jogo do bicho
que é comum apostador
sonhar com o resultado
e perder grande valor
e o bicheiro vai fazendo
fortuna com sonhador
Vejam que a loteria
é um estranho rateio
onde o governo promove
com o capital alheio
benefício só pra um
escolhido por sorteio
Foi não foi um pobretão
vai jogar na loteria
compra apenas um bilhete
que o capricho premia
e um novo milionário
vira da noite pro dia
Deslumbrado na riqueza
que não sabe onde gastar
com os seus novos amigos
em tudo quer esbanjar
como se aquela fortuna
nunca mais fosse acabar
Ele passa o ano inteiro
com o pé no aeroporto
Desperdiça nos presentes
da mulher de cada porto
gozando a ostentação,
o prazer e o conforto
Quando as suas despesas
já se tornam abundantes
termina dando um calote
em hotéis e restaurantes
retornando pra miséria
mais arruinado que antes
Se a sorte pode pagar
pra somente um sortudo
o azar sempre consegue
um rendimento polpudo
levando até o dinheiro
daquele que aposta tudo
Outro golpe que a sorte
pode dar na clientela
é entregar a bolada
a quem não precisa dela
e o azar não indeniza
os projetos que cancela
Eu pergunto novamente
que lucro dá o dinheiro
apostado em jogatina
parcelado ou inteiro
se bagunça o processo
do sistema financeiro?
Minha musa
Sentindo a inspiração
mais intensa e profusa
eu me ponho a escrever
com vigor, brilho e fiúza
pra revelar os encantos
que eu vejo em minha musa
Minha Rosa tem a graça
que inspira qualquer artista
e a mim faz desfrutar
de uma verve imprevista
sendo uma mulher bonita
em qualquer ponto de vista
Ela tem o esplendor
que ninguém sabe medir
Tão fácil reconhecer
e custoso definir
mas todo poeta aspira
em seus versos traduzir
Há mulheres graciosas
porém ela é demais
A beleza é um barco
atracado no seu cais
e no mar da poesia
quero ser o seu arrais
Um sorriso mais bonito
não há em todo universo
Tem tamanha excelência
que não cabe no meu verso
e deixou meu coração
no rio do encanto imerso
O brilho arrebatador
que dos olhos irradia
como as luzes da noite
e do sol trazendo o dia
sugere tanto mistério
e extravasa em poesia
O beija-flor é feliz
quando uma flor visita
e o sabiá cantando
sua canção favorita
Eu sou feliz descobrindo
quanto ela é bonita
Me enlevo na formosura
que da aurora é provinda
e reconheço que as flores
tem uma beleza infinda
mas não comparo a dela
porque ela é mais linda
Admiro a lua cheia
quando a vejo da janela
e cada estrela no céu
que na noite se revela
porém me fascina mais
quanto minha musa é bela
Eu vejo a brisa passar
acariciando uma rosa
e o vento jogar na rocha
uma onda vigorosa
e não consigo esquecer
quanto ela é graciosa
No mar o navegador
olha o céu e suspira
namorando uma estrela
que brilha como safira
e é isso que eu sinto
por ela que me inspira
O sol pode recolher
o seu halo rosicler
e a lua pode mudar
escondendo seu mister
mas nela sempre reluz
sua graça de mulher
Ela sabe que me deixou cativo...
Ela é a estrela que eu vejo
reluzir no espaço infinito
Ela é o meu verso mais bonito
num poema escrito de lampejo
Eu viajo no bonde do desejo
procurando por sua estação
Pras feridas da minha solidão
o seu beijo vai ser o curativo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Ela sabe que estou apaixonado
e faz tempo que tinha descoberto
Quando vejo que ela está por perto
sinto meu coração acelerado
Declarei que a quero do meu lado
só que ela mostrou hesitação
Se não ouço os apelos da razão
seu encanto é o que me dá motivo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Não queria mentir que não a quero
se eu quero é que ela se decida
Ela é a mulher da minha vida
e é por uma rainha que espero
Quando um sentimento é sincero
não se pode esconder a intenção
Fiz chorando minha declaração
de lhe dar meu amor definitivo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Nossa vida vai ser uma novela
com roteiro que tem final feliz
Nos projetos e planos que eu fiz
a estrela maior sempre foi ela
No cenário de luz da nossa tela
cada cena trará nova emoção
Só não quero é fazer figuração
nem rodar um final alternativo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Que o meu sentimento é verdadeiro
ela vai entender e dar valor
Quem almeja viver um grande amor
não espera que seja passageiro
Tudo que eu preciso é primeiro
sempre que ela der ocasião
demonstrar minha determinação
de passar no processo seletivo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Faço tudo e mais o que puder
para tê-la na minha companhia
Nada eu considero demasia
para ter o amor dessa mulher
E se ela falar que não me quer
vou sofrer a maior decepção
Minha espera tem essa condição
mas não muda o meu objetivo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Minha taça de amor já se derrama
e não posso servir na sua mesa
Na muralha da sua incerteza
vislumbrei o tamanho do meu drama
Uma rosa que fere quem a ama
sempre exige o dobro de atenção
Como estou no jardim da atração
é só ela a flor que eu cultivo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Quem a minha atitude observa
se admira da minha confiança
É o meu coração que não se cansa
e a força do amor que a conserva
Tenho na confiança uma reserva
mas a conta cruel da aflição
vou pagando com juro e correção
e ficando com saldo negativo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Quando ela está na minha frente
faço tudo para lhe conquistar
Desta forma um dia vou provar
que a quero amar eternamente
Me pergunto já meio impaciente
por que ela não toma a decisão
Cogitando que ela diga não
nem sei como ainda sobrevivo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Eu conheço o conceito recorrente
da paixão como um fogo de palha
Toda alma possui a mesma falha
de pensar que é tudo diferente
Só que mesmo estando consciente
dos perigos de crer no coração
eu prefiro viver de ilusão
que anular o efeito sedativo
Ela sabe que me deixou cativo
nas algemas ardentes da paixão
Diga não à dopamina!
A paixão afeta a mente
como droga que vicia
por isso quem quer viver
honrando a monogamia
antes tem que descobrir
se o amor não é mania
Quando alguém se apaixona
já libera a dopamina
que na área cerebral
faz efeito e contamina
provocando dependência
como faz a drogaína
Toda vez que um solteiro
quer sair da solidão
e procura companheira
pra viver uma paixão
precisa tomar cuidado
pra não acabar doidão
Eu conheço um sujeito
que um dia se apaixonou
por uma moça bonita
que numa festa encontrou
e desde aquele momento
na dependência ficou
Paixão às vezes começa
por simples curiosidade
Os amigos estimulam
e surge oportunidade
até no clarão do dia
nas esquinas da cidade
Os sintomas do viciado
estão no comportamento
A pessoa que ele ama
não sai do seu pensamento
e pra curar a paixão
não procura tratamento
Ele vive distraído
e perde a concentração
Não fala coisa com coisa
apresenta excitação
Só se mostra interessado
em viver sua paixão
Tem sujeito exigente
pra escolher a sua amada
Mas quando vem a paixão
com sua força ativada
faz declaração de amor
até para a encalhada
Tem paixão do tipo leve
que é chamada paixonite
e também a mais pesada
que extrapola o limite
Essa numa abstinência
é comum que debilite
Tem agências promovendo
o encontro de casais
só porque a dopamina
nos decretos atuais
não está relacionada
com as drogas ilegais
Tem artistas que estão
fazendo a apologia
porém um apaixonado
no estado de euforia
sofre como um escravo
ansiando à alforria
A paixão afeta a mente
como faz a hipnose
Nos casais apaixonados
já circula igual virose
Tem até gente morrendo
de paixão em overdose
Eu mesmo fui um viciado
sofrendo na experiência
A paixão que me cegava
embotava a consciência
mas um dia eu decidi
renunciar à dependência
Não caia nessa armadilha
Pode ser sua ruína
pois é um mal sem remédio
ainda na medicina
Resistindo à paixão
diga não à dopamina!