Olha-Me!
Olha-Me!
Olhas-me e não me vês….
Sou o que escrevo, o amor, a vida, o sentimento
Sou cerúleo. mar, tormento
Sou paz, sol, inverno, lamento
Ave, dor, folha de Outono
Grão de areia num mundo de beleza e luz
Na sua pequenez microscópica
Sou barro que se molda nas tuas mãos de artista
O meu barro que se parte desdita fatalista
Sou o orvalho do chão, húmus que alimenta a terra
Sou palavra, sim Palavra, a que escrevo e que lês
A que digo e a que sinto!
Mas só vês… O aço de que me revisto
O arame farpado de que me cerco
A mágoa e a injustiça que me fere
Falece a carne…
A terra cumprirá o seu destino
Cumprir-se-á a decantação
O pó decompor-se-á nas impurezas do que sou
Restará o que nunca viste e esteve lá
Agora invisível ao teu olhar
Porque o meu cerúleo jamais alguém irá matar!
Olha-me!!!
Olha-me!
Olha-me...
Olhas-me.....
By Beijo azul
© Fátima Santos 2015
(ao abrigo do código dos direitos de autor)
Tulipa Negra, Noite Branca
A noite invade a casa
Escondida na brancura do teu corpo
Tão solitária como a folha branca por escrever
Poema, doce abraço onde escondo o meu cansaço
Mergulho na música num nocturno por inventar
A tua pele escreve o lume, maresia do meu olhar
E na penumbra desenha-se a flor
A mais rara num conto de Dumas
5/12/2012
HaereMai- Fátima Santos
Lembranças
Nos teus dedos beijando
Os meus quadris
Dançam aromas gotejantes
D`uma flor por abrir
Os poros sedentos
Matam as lembranças
Evaporadas no meu peito
Nas ondas onde outrora
Caravela velejava
Ao sabor do vento
Em torrente de sonhos
No teu peito rocha ingreme
Lavada de silabas
Beijadas pela madrugada
Onde pernoitam suspiros
8/01/2013
By Haeremai-beijo azul
Limbo
Limbo
Vivo a pungência
Nas folhas de limbo verde
Tento a fuga ao tempo
Que me devora
Na fulgência de ser
Curvam-se linhas
Nas asas dos pássaros
E o meu coração fica liberto
Dançando a canção da chuva
Na fragrância dos lírios
Esperando o renascimento
Crescente em ti… em mim!
Haeremai 27/11/2012
A morte do arco-íris
As aves perderam o tempo
E o espaço
Como vento cortando as manhãs
Feridas, numa angústia parida
Nas carências do medo
O sorriso perdeu-se num esgar
Num rosto sem face
Rosas despertas á mesma hora
No olhar que espreita a tez que se apaga
O vento cortou o abraço
O gesto matou o sonho
Coberto por tendas de feno
Quão dolorosa é a morte do arco-íris!
By Beijo Azul
26/12/2012
Nesta rua onde me deito
Nesta rua onde me deito
Escolhida num vazio
Porque daqui vê-se o mar
E os meus olhos são um rio.
Nesta rua onde me deito
Coberta de mil estrelas
Onde imagino me aconchegas
Porque nesta rua onde me deito
A solidão tem sabor a lágrimas
Tenho cobertores de loucura
Procuro a tua voz entre ecos do tempo
Sinfonias de outrora
Onde as palavras proliferavam
Nas cadencias ultrajadas
Nesta rua onde me deito
Não há frio, não há cor
Perdeu-se no espaço de mim
Nada existe, não há calor
Somente o vazio, a dor
Nesta rua onde me deito
Não há nada, nem lamento
Somente um corpo, morto
Num mundo inventado, de azul
Nesta rua onde me deito
O meu final espreito
Nesta rua onde me deito!
By beijo azul
Sou o tempo que passa
Sou o tempo que passa
olhares perdidos
nas viagens imaginárias
em veias dilatadas
Na cabeça seguro raízes
no azul pardacento sem aves
Perdi-me no regresso de mim
na dor d` Alma ressequida
nas areias do caldo do deserto
grãos maduros
de egos desmoronados
Amaras que se soltam
pela erosão do tempo
By Beijo Azul
5/1/2013
Sonho
Vejo-te nitidamente...trespasso-te com o pensamento
Sinto que o tempo parou.Toco-te com o olhar
Vives em mim, sinto o teu pulsar.
Sonho-te, sonhando...o teu toque delicado
Que me faz vibrar...as tuas mãos
Em meus seios...sinto-te em mim.
Os corpos sedentos trémulos...
Procuro-te...
Olho em redor,não te encontro.
Move-me a saudade do teu rosto
O sentimento impenetrável da ansiedade
Quero o céu coberto de nuvens de algodão
A serenidade dum sonho repartido
A esperança do entrelaçar dos corpos
Os teus lábios num sorriso que me cativa
Dançam os teus dedos ao sabor deste mar ondulante
Guardo o teu sabor de elixir delicado e vibrante
Esta saudade que me dilacera os sentidos
Na partida sempre anunciada,morrendo devagar
Sentindo no peito o fogo ardente da chegada
Quero-te!
Este querer que me oprime a alma
Este sentir amargo e doce, na espera das manhãs
Em que me sorris, no encantamento dos sons
Aquecidos, pelo mel dos teus olhos
Escorrências do teu carinho, que me humedece
A pele e acelera o coração
Espero-te!
Em doces momentos, aconchego no ninho criado em ti
Em penas de espera, candura de olhares num amor
Eterno!
By beijo azul
Crescem flores nas crateras da Lua
Crescem flores nas crateras da Lua
Tu eras a música que me corria nas veias
Poesia lírica dançante nos olhos dos meus dedos
Criação divina que ocultava os meus medos
Teias enleantes da minha solidão
Sátiras de fogo, iras sem menção
Jogada fora para um canto cinzento
Sem janelas acústicas falando ao vento
Projetaste-me em crateras de Lua
Planeta cinzento onde o eco se esvazia
Tantas foram as minhas lágrimas
Elas se fizeram rios
Inundaram as crateras
Onde nasceram lírios
Hoje na lua crescem flores
A Paz invade o meu lugar
No silêncio onde me prostraste
No vazio da minha insanidade
Nasceu o Mar da Tranquilidade
24/08/2012
By Beijo azul
Publicada por Haere Mai®
© Todos os direitos reservados
Ilha de Corais
Surgiste como o nascimento
de uma ilha de corais
num lugar do paraíso
nas palavras escritas
em hinos de ternura
em músicas suaves
ternas de candura
tu és o farol
que guia a frágil nau
nas tormentas em mar revolto
a âncora da amizade
que permanece
em dias soalheiros
que o coração aquece
nesta data grandiosa,
na celebração da vida
pensei numa oferenda digna
um jardim de gerberas
nas cores do arco-íris
Não!
subi ao espaço sideral,
quero algo transcendental
colhi poeiras cósmicas
todas brilhantes e estrelares
para te iluminar a vida
em todos os lugares
Não!
é pouco, mereces o infinito,
mas onde o guardarias?
onde ficaríamos nós?
Pensei...
escolhi a prenda ideal
ofereço-te o meu coração azul
envolto em fita igual
porque ele contém
todo o Amor Universal
By Beijo Azul 2009
©Fátima Santos