🌷"FLORES DESPIDAS"
Quando eu morrer não digas a ninguém
Partilha comigo alguns minutos
Uma noite inteira. Cobre o meu corpo
Frio com um lençol branco
Quando eu morrer
Recita um soneto, um poema
Que escrevi, talvez o tenha
Escrito para ti, fica junto de mim
Quando eu morrer
Deixa-me ver mais uma vez o mar
Promete-me que não choras
E nem tocas com a tua boca
Os meus lábios frios
Promete-me que lanças a tua solidão
A tua dor, as tuas lágrimas
Para um poço profundo
Sem olhar para trás
Que cuidarás das nossas flores
Quando o vento e a chuva chegarem
Serei o teu anjo da guarda
E todo o meu amor brilhara em ti
Quando eu morrer estarei eternamente
Presente no teu coração
Continuarei a viver no teu pensamento
Com amor e saudade
Quando eu morrer por favor
Não digas a ninguém que eu parti
Que parti como as flores despidas
Despidas pelo vento.🌷🌺
Quando eu partir
Chora com alegria
Que eu estarei na serra
Entre os lobos
🌷🌺
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
"OUTONO QUENTE"🌻
Tarde quente de outono
Caiem as folhas secas desta tarde
Tarde pintada, tão colorida, acabou o verão
Folhas caídas pintadas e belas
Sem terem pintor, é a mão de Deus
Que as pinta, nunca as vi com tanta cor
Se é de morte ou de vida, só Deus sabe
Não é comigo que sou uma pobre alma
Que gosta de ver, as folhas das vinhas
Das árvores nuas e despidas
Eu sei é que nunca vi tantas cores
Tanta beleza nas folhas caídas no chão
🌺🌻
Isabel Morais Ribeiro Fonseca.
"TROVOADA MINHA"🌻👒
O vento sopra
E chega de repente
Como uma trovoada
Nada pode prendê-la
Nada pode impedi-la
Nada pode sufocá-la
A minha alma
É como uma casa assombrada
Com paredes desbotadas
E lembranças perdidas
A chuva foi aumentando
Com a neblina de um nevoeiro
Intenso como o corpo perdido
Que quer refazer as forças
Regando as folhas
E as flores soprando a brisa
E bebendo as minhas culpas
Como veneno
Que seca o meu coração
Escrevendo as minhas cartas
O meu começo o meu caminho
Do silêncio desta noite e desta trovoada.
👒
👒🍂🌻
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
" LAMPARINAS "🌹
Velas acesas no castiçal de prata velha
Lamparinas antigas de azeite a arder
Incenso misturado com óleo
Numa taça, de cinzas que geram
Muitas vezes o tormento
Rosa bela do jardim mágico invejosa e triste
Incendeia a paixão do tempo
Esquecido, perdido
Quando a alma precisa de um momento
De amor
O passado passa, o futuro acontece no tempo
Que existe, das tristezas
Que esquece, castelos floridos
Sorrisos colhidos
Amor de encantar que florescem
Acaricio o doce
Afago com a vida e embriago-me
Solidão trancada
De velhos cadeados enferrujados
Palavras escritas
Num pergaminho de um caminhante
Que deixa lembranças
Do caminho tantas vezes percorrido.
╰⊱♥⊱╮💕╭•⊰ 🌺
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
TERRA QUENTE 🍁TERRA FRIA
"TERRA QUENTE"
Trás-os-Montes
Terra fria, gelada
Com mantos negros de lã
Sente-se amor
Sente-se a morte
Vence-se o luto
Das noites escuras
Da dor das gentes
Cravos espetados
Sentimentos singelos
Inocentes, marcados
Lágrimas perdidas
Amargas e sentidas,
Terras geladas e frias
Quentes como as castanhas.
TERRA FRIA
Este Trás-os-Montes
Onde deixei a minha alma
Reino encantado de cores
De aromas, de amores
Entre as fragas, dos ecos das vozes
Perdi as letras, os poemas
O tempo, o velho, o novo
A paz, o sono, o costume
Deixei de sonhar, mas não de amar
Neste Trás-os-Montes
Onde deixei e perdi a minha alma.
ESTE TRÁS-OS-MONTES
Trás-os-Montes, terra fria
Quente como as castanhas
Das azedas que deixam saudade
Com os mantos feitos de lã
Vê-se um mar de fragas
Num oceano megalítico
Onde ninguém fica
Indiferente certamente
Ama-se, chora-se, ri-se
Vence-se a dor, o luto
De sentimentos singelos
Na saudade da branca neve
Paisagem do lar que se deixa
Para trás dos segredos da natureza
Terra maravilhosa de um mar de pedras
Entre a solidão singela
Reza-se o terço, as alminhas
Sagrada com mil certezas, sepultado
No saborear no pão nosso de cada dia
Este maravilho nevoeiro que ao longe
Se vê entre as giestas, fumeiro
Que mata a fome a quem trabalha a terra
Deste maravilhoso reino que é Trás-os-Montes.
Quando eu morrer
Não chorem
Ponham antes
As mais belas flores
Que tiverem
Então serei poesia
Escrita num belo livro.
🍄 🍁
Isabel Morais Ribeiro Fonseca.
PALAVRAS SOLTAS ღ 🌹 ಌ
Sensual de paixão, voluptuoso e libertino
Solidão dos corpos, ilusões da vida
Sonhos loucos, olhares sombrios
Mágoas e angústias, espinhos das rosas
Poetas tristes, madrugadas vazias
Rostos frios, palavras sentidas
Maresia e vento, tempestades do inferno
Fogo da carne, mar imenso
Cegos do destino, escuridão da trevas
Sentimento de um poema, despido de mágoa
Infinito e intenso, perfumado no tempo
A chuva cai com força na lama
Lágrimas de sangue, dor
De todos aqueles que perderam a vida
Por uma causa, por um ideal
Luta desigual entre o aço e a carne
Entre a pátria, família, liberdade
Rasgada por dentro, carne sofrida
Sofrimento atroz, dor que arde
No fogo do inferno, sofrida depois da ida
Guardada depois da vida, dos mártires
Da guerra feita do aço e da carne podre
Sem alma, sem coração, sem honra, sem humildade
Homens sem esperança perdidos, esquecidos, com fome
Com frio, lágrimas de sangue que correm nas veias
Sem medo, sem nada, esperam a paz dada pelo aço.
ღ 🌹 ಌ
ღ 🌹 ಌ
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
DOURO DOCE 🌻
Margens calmas
Vinho do douro
Javali feroz
Lamaçal esquecido
Barro escuro
Terra quente
Gemido de dor
Vindimas das gentes
Tempestade fria
Chuva de pedras
Noites sombrias
Telhado de ardósia
Terra escondida
Tímido destemido
Sangue entranhas
Porco matança
Lebre fugida
Sentimento esmagado
A videira que chora
Com saudades do podador
Vinhas entre escadas de tantos socalcos
Ó douro doce que és tão lindo
Com as tuas vinhas não há sitio mais bonito
Deste nosso amado Portugal
É nas margens calmas do douro
Que as videiras
Dão o tão saboroso vinho do Porto
Os barcos rebelos navegam com sentimento
transportando as pipas de vinho do Porto
Que tanto gostamos de beber
Douro doce como as suas uvas
O rio corre com força
Desejando ferozmente o mar
O rio Douro é uma poesia
As suas águas lavam
A alma a quem o ama 🌻
O amor é como uma montanha
Sobe-se a amar e desce-se a odiar
🍁🌻
Isabel Morais Ribeiro Fonseca.
Esta depressão que me queima a alma 🌺
Esta depressão que me queima a alma
Seca-me o sangue, seca-me o coração
Aperta-me o peito contra uma rocha
Fere-me o corpo com a escuridão
Deste castelo que é esta vida
Maldita e bela
Com fome e tudo e nada
Sinto-me gelada
Arder no fogo de um tronco da árvore
Do poço profundo que é a minha alma
Olho para mim e não me reconheço
Já não sei quem sou
Serei um pedaço de carne podre
Sem sangue sem alma
Neste mundo selvagem e feio
Como uma peste de inveja e ódio
Sinto a minha alma gelada e morta
Como se fosse as águas do rio
Choram de amor, choram de frio
Choram por tudo e por nada.
╭•⊰ 🌺
Quando me vi ao espelho
Não reconheci a minha alma
╰⊱♥⊱╮💕╭•⊰ 🌺
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
SEM MEDO DA MORTE🌺
Não tenho medo da morte nem tão pouco de morrer
Tenho mais medo da vida porque não sei o que é a morte
Tenho medo de sofrer de doença ou solidão
Acreditamos que ficamos tristes pela morte
Mas na verdade é a morte que nos impressiona
Eu não quero viver nenhum dia que eu não possa orgulhar-me
Ainda que seja escuro no seu coração valera sempre a pena
Ver as estrelas e sorrir na escuridão
Ter esperança é ter outro refúgio que não a morte
Vivemos cada vez mais tempo e fintamos a morte
Envelhecemos e estamos a cada dia mais sozinhos
A morte não é o fim é o começo
És como uma tempestade e eu sou o vento
Não tenho medo da morte, mas o que ela me faz sofrer
A morte é leve e certa, tenho mais medo da vida
Muitas vezes longa tantas vezes incerta
O meu corpo é um deserto que fica com saudade
Quando tu não estás é como a chuva miudinha
Que cai entre as árvores fica com o desejo das tuas mãos
Nos ramos do meu coração, o morte que estás à espreita
Tenho o meu amor à espera por isso não esperes por mim
Viva e não tenha medo da morte pois a morte não existe
Morrer não é o fim é apenas uma mudança de vida
Não estrague a sua vida a pensar na morte
Que ela venha com serenidade e confiança
Esperar a morte ou a eternidade.!
A morte não me assusta
Mas sofrer sim
👒🌺🍁 🌻
Isabel Morais Ribeiro Fonseca
MINHA 🌺 MÃE ╭•💘⊰
Mãe, as tuas mãos envelhecidas
Têm a maciez das papoilas
Que afagam com tanta beleza
Na poesia que os teus olhos
Me vão dizendo lentamente
Na contemplação do teu sorriso
As tuas mãos colheram com suavidade
O meu amor do tempo de criança
Que semeaste dentro do meu peito
Num tempo de tantos figos
Como tu e eu gostamos
Nos carinhos desenhados por ti
Onde as tuas mãos abrigam flores
Pela ternura da minha alma
Num prado imaginário de saudades
Que nascem todos os dias nas tuas mãos.
╭•💘⊰
As tuas mãos minha mãe
Estão envelhecidas ❤
Mas carregam tanto amor
De toda coragem vivida
╭•💘⊰
Isabel Morais Ribeiro Fonseca