confiança...
...
.. no toque simples
inesperado
o sentimento natural
sem pecado
do que tinha de ser
desenhado nos olhares
[antes já]
silenciosos do desejo
o ser tua
no inverso da possibilidade
o teu toque como posse e entrega.
apenas.
poderia escrever textos até ao fim de mim, só, sobre esse toque.
lembras-te...
e esse meu sorriso,
[diz-me,]
de onde foi que o tiraste
que te queimou
como o olhar tímido
desviado
que não eras tu
não era a tua força quente
não era nada de ti
que eu procurava
porque, em mim,
eras já tu todo
a tua voz
o saber que estavas
sem que me interessasse onde
com o teu gosto,
de que eu sempre soube
desafio oferecido
que um dia eu vesti
[saiu suave, este texto,
num ranger de dentes]
talvez amanhã eu o expire.
inconfessável
mas sim. aqui o confesso.
prometo não fugir de novo.
sei que vou ficar, em silêncio, a mão guardada no fundo do bolso, da alma, do olhar, onde for.
serei a flor dos dedos de polpas sedentas, esperando, como antigamente.
[fazer de conta deixa cinza nos olhos e nos meus luta o mesmo fogo, procurando, sonhando a presença em que te procuro]
erros. I.
que o tempo faz doer
que o futuro previa de arrependimento.
um não. um passo atrás. sem medos.
erros.
e silêncios...
numa almofada partilhada com o vazio.
... e quando me falas assim...
eu acredito.
chego ao bater do coração
ao olhar adocicado
ao Sorriso de entrega e da temida conquista
o desejo desperta de não sei que aproximação
de não sei que sussurro
do sopro na nuca
do arrepio na espinha
e fico hirta
pensando no que me dizes
assim
é esse o cheiro
sim, o caminho é esse.
chega-me o cheiro que é o seu
a sombra que me busca
as palavras agora mudas em memórias com o seu sabor
e a presença na berma, expectante
eu
bebendo tudo isso como se já meu fosse
ou o desejasse apenas.
(des)importância
sou mais do que sabes.
ouço-me e sei-me. por dentro e por fora.
e se tiver de amar, amo.
em silêncio, no olhar, na inocência. quem me sabe
[mesmo sem me ter provado]. sabe-me e sorri comigo.
porque me ouve. e acredita na minha lucidez.
e aceita-me com todos os meus "não" e " talvez".
e eu encosto os meus dias, todos, no sonho que me estende e com que me abriga.
no algodão.
e como dizer seja o que for
hoje
é o meio de tudo.
o meio do caminho deixado
a metade das palavras corridas
do dia sem a outra parte
[do resto de ti]
do sentimento decapitado quando aprendeu a andar
do corpo desperto na madrugada para amar
do beijo já em fuga sob o bafo quente
a mão quase dada
esquiva
a crença desejando voltar a ser
[hoje foi assim:
o silêncio completo]
***talvez amanhã.
diz-me,
onde guardas tu a calma.
as palavras moderadas
os olhares claros de quem lê a Alma
a minha
onde dormem meus pensamentos
os sentimentos
o sonho da pele
das palavras
[essa nudez de tule vestida
sem mácula]
mas a calma, essa, onde a guardas tu
a poesia que me nasce na polpa dos dedos
os mesmos de sempre...
leve é o caminho
sei onde se guardam os sorrisos... aqueles que são beijos, no silêncio como desejos suspensos e que não tocam, mas que chegam e invadem...
e o Sorriso nasce, o caminho adoça-se, as sombras crescem como braços e refrescam para o novo amanhã.
[pausa]
meu sal na água pura.
o meu olhar passa, de lado, roçando, e Sei que não estou só.