em Papel de cenário

Data 23/09/2009 16:55:14 | Tópico: Poemas

e de súbito, a alma.
tempestuosa alma,
na ampulheta dos instantes cegos
que o olhar guardou para nos embalar na voragem de enevoadas madrugadas,com que nos desnudámos
entre o grandioso e precário
descobrindo limites:
vermelhos e azuis, imensos, imersos, eruptivos néons,
na vastidão alada de uma outra lucidez alucinada.

estrelares amplexos
de esplêndidas telúricas
cósmicas transfigurações,
mistura de criaturas de um mesmo único gesto
espíritos vagabundos
nómadas da inspiração que rompem os limites conhecidos do espaço…

(baile de máscaras, dança nocturna e solar, onde bailam os amores inconfessados)

… é no mesmo espaço fragmentado
ensaiado na plenitude imaginada que nos embala e nos assombra o cruzar dos nossos passos.
…é nos passos que têm que ser leves à descoberta reduzirem-se ao parco movimento que ritma o vagar dos corpos incendiados
ou tendem lentos, lentos a ficarem cata tónicos.
…é no suor que nos banha que vem o sal com que nos dámos o que precisámos,
o sémen como vitória do eterno, sobre a carne, à noite, pelo sono da luz esparsa…

… é nas sombras que permanecemos ocultos como se essa fosse a nossa única fragilidade.
projectam silhuetas desenhando, no papel de cenário as nossas almas em fuga.




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