
Quando te sonho em marés coalhadas de sal
Data 21/06/2007 14:47:32 | Tópico: Poemas -> Amor
| Quando te sonho em marés coalhadas de sal, vejo-te nu, despido de ti e do preconceito, despido do fato opressor a que te agarras e no qual, ausente, submerges e naufragas.
Quando ouso desafiar o sono que me suga para lá do infinito do buraco negro do grito, do meu canto de ave prisioneira, e noite a dentro assomo por dentro das palavras centro-me na tua imagem, no teu sorriso breve, nos teus olhos tristes, no teu peito aberto e questiono a razão insana que te assiste e à qual te agarras, em lianas furtivas de margens e te resistes e me resistes… E dou-me inteira ao sonho e ao direito de te sonhar.
Cerro os olhos, vejo-te recortado a tremeluzir, rasgando, no sal do teu próprio pranto, teias de um tempo em que te não encontro. Vejo-te a desbravar vagas intempestivas em constantes marés de dores e recidivas.
Então, amado, subo à falésia altaneira da vida, desnudo-me de novo e integra, primitiva, solto urros, bramidos e cantos…
Chamo Faunos e Sereias, apelo à força dos mares, às divindades fónicas, que me consagrem veemência de, no meu canto, que seja, para sempre te exaltar neste sonho de folhas perenes caídas.
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