#33

Data 25/09/2009 22:27:47 | Tópico: Textos


a noite é feita de galhas, galhas de árvores que são corpos abandonados ao negrume de ruas, estreitas, onde se criam ninhos, encostos subterrâneos, nascentes de incerteza. é à minha rua que a raiz do teu nome se encosta, todas as noites, a chorar-te mais as vogais que as consoantes. hoje apetecia-me gritar, apetecia-me chorar, apetecia-me correr. as galhas que se erguem como lanças, apontadas ao céu, não o meu, ao céu dos outros, que o meu afogou-se no mar. estes meus dias, de pressas soberbas e pesares imensos, são lastimantes, têm mais galhas, mais ninhos, menos pessoas. são noites. hoje queria cortar as veias todas do corpo e vê-lo morrer, lentamente, à distância física de meia dúzia de estrelas.



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