Paranoia

Data 26/09/2009 16:57:38 | Tópico: Poemas

acabo de chegar... sei lá como. está frio, chove e as raparigas andam com as sandálias molhadas, ao meu lado está um colete de forças desapertado. é estreito o recinto, apenas cabe o ar. cheira a carne de sangue condensado.
Batem cinco vezes à porta. uma batida após outra, afundando-me, afundando-me na profana luxúria corrosiva cortando vertiginoso ar. abertas mãos ou furiosos punhos aturdem os tímpanos. fazem subir aquele gelo clandestino até ao esmagamento de uma explosão de veias que me acompanham sempre num comboio sem carris, sem estações ou apeadeiros do meu corpo imóvel sem sono, decapitando meu crânio.
abrir? a quem a esta hora? quem me procura? ninguém responde na obscura inquietude de uma sombra crescida, nenhum ruído, nenhum silêncio. somente a palavra que me busca em vão.




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