dedicado aos poetas rascas

Data 27/09/2009 01:11:52 | Tópico: Crónicas


Por vezes digo que escrevo como um mecanismo excretor, e se tal for verdade as linhas que vos dedico são o exemplo último de tal. Andei cerca de um mês e meio afastado do luso por motivos profissionais e na volta dei-me conta de coisas que imbuído (quase) diariamente neste faz e lê não me tinha ainda apercebido verdadeiramente embora já desconfiando. Sempre fui contra o epíteto de “poeta” quando assim se referiam a mim porque não me considero e não o digo por falsa modéstia, não me considero mesmo. Muitas vezes neste site me pus a favor e contra correntes de opinião, com a mesma frontalidade e liberdade de pensar, sentir e me afirmar, mas chego a um ponto que me começa a ser difícil suportar. (eu tinha avisado que era excretor, se leu até agora, por favor acabe…) a mediocridade e a vilania, e o estupor com que assisto até a um comedimento para com essas pessoas que até já começam a querer cercear a livre expressão de que este site sempre foi apanágio, a começar pela regulação de comentários e outras coisas que tais. Querem poder escolher tal como num simples blog as opiniões que hão-de publicar ou não, querem atirar-nos com ramos de rosas plásticas às fuças sempre que lhes aprouver, querem escrever uma coisa que chamam eles(as) poesia onde confundem o porno erótico com escrita. Algumas chegam ao ponto de confundir plágios sem lhes saber o sentido. (Confusos? Eu explico). Por exemplo uma pessoa que começa um poema com o titulo de um livro de um escritor mundialmente conhecido como Milan Kundera, cuja obra deu um filme famosíssimo com o titulo “insustentável leveza do ser”, passa durante o poema por uma imagem descabelada de “espuma” nos olhos ou nas mãos (já não me lembro bem!) e lá pelo meio com uma letra duma canção de Roberto Carlos (ou outro qualquer), “conduz meu corpo na cama e diz que me ama” finalizando a pedir ao objecto dos seus desejos para ser "penetrada à beira mar", será que eu posso olhar para essa pessoa como alguém que está aqui de forma coerente? E que dizer de uma data de pseudo-poetas que tem títulos de seus poemas como: “as palavras que nunca te direi”, “o poema que nunca te farei” e réu-béu-béu pardais ao ninho? Depois vêm-me falar de regulação de uma administração? Mas será que ainda não perceberam que essa imagem da espuma está estafada? Que existem livros e filmes com essas coisas? Se calhar sim… ou não… porque são tão burros, lêem tão pouco que nem se apercebem da mutilação literária que estão a fazer. O pior é que não são um, nem dois, nem três a fazê-lo, são uma data deles a poluir o site com escrita de quinta categoria, e de tal forma que a partir de agora me arvoro no direito de desmascarar e classificar como tal esse tipo de escrita que tenho andado a ver por aqui. Quero ter essa liberdade, a mesma com que essas pessoas me ferem ao escrever coisas que não lhes pertencem, simplesmente porque não conseguem fazer mais, ou porque andam numa crise de inspiração e acham-se no direito de por exemplo postar letras de musicas (conhecidas!) e ainda por cima andar a fazer disso dedicatórias a tudo que é cão e gato. Poetas rascas é o que são. E é injusto o adjectivo de poetas antes de rascas, porque são rascas mesmo, só.



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