
I. O Começo de Tudo
Data 28/09/2009 14:38:21 | Tópico: Poemas
| I. O Começo de Tudo
Neste lugar tão só, Vi, com a visão dos mortos, mundos deslumbrantes e planetas de imensidões, de planícies, montanhas, vales e mares e eu era um só. Um só sobre a terra, que a visão da minha fronte teimava em manter à superfície dos meus olhos. E não mais algum ser habitava agora a terra em que nasci. Só. Na imensidão de tudo. Eu era tudo. Tudo aquilo que existia e não existia.
E os ribeiros transportavam o meu sangue, e os mares fabricavam ondas com os líquidos das minhas entranhas, e das minhas lágrimas era fabricado o sal do mundo.
Os meus olhos eram a luz da noite e abarcavam a imensidão das estrelas e tudo o que brilhava. Dos meus lábios era colhido o vento com que eram fabricadas as tempestades, e da minha boca toda a criação recebia alimento. Dos meus cabelos fizeram-se paisagens, e de todo o meu corpo vales e montanhas eram criados, e tinha em mim todas as cores do arco-íris, e era eu que libertava os relâmpagos nos céus, e depositava chuvas sobre as colheitas, chorando sobre o mundo. Aos meus ouvidos e ás minhas narinas eram recebidos os clamores das flores, e o odor do nascer do sol. E quando o sol se deitava, vestia-me de noite e coroava a minha fronte de estrelas. Nesse momento sentia-me tão só. Porque era tudo e nada tinha.
Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de Ti
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