III. Eu Sou

Data 28/09/2009 14:46:22 | Tópico: Poemas

III. Eu Sou

Nessa bola ardente em fogo que é o meu coração.
Coloquei no meu ventre toda a esperança do mundo e dei à luz a criação universal.
Do meu interior fabriquei o pão de toda a humanidade,
e o meu sangue converteu-se no fermento que o levedou.
As águas dos rios e dos mares habitam agora os leitos de minhas veias,
e nelas flúem enchentes, cascatas de águas mornas e límpidas que flúem sem parar.

Eu sou toda a vida, toda a criação eu sou.
O forno que coze o pão do mundo, eu sou.
A libélula do charco e o peixe do lago.
Aquele que sempre foi. Aquele que é. Aquele que será. Eu sou.

A luz da humanidade, eu sou.
O Infante ainda por nascer.
Aquele que aguarda o sussurro do futuro, no ventre da natureza, e que voa com as aves para o sul.
O que dá, tira e recebe.
O construtor de castelos no céu.
O crivo das areias do mar.
As trevas, a luz, a escuridão, eu sou.

Toda a imensidão do negro espaço a mim pertence,
e a mim são devolvidas todas as amarras das velas nos navios do alto mar.
A mim toda a tripulação dos navios da humanidade suplica por ventos de feição.
O fogo-de-santelmo, eu sou.
A luz do sol e o brilho dos planetas.

Sou a primeira gota de sangue no corpo dos que ainda não nasceram,
o esperma primordial e o útero dos que vivem e da criação ainda por nascer.

Do Livro de Joma Sipe "Afoguei-me Em Ti" - Parte I - Os Dias da Criação Ou O Antes de Ti



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=100791