- VENTO BANDIDO -

Data 30/09/2009 00:36:02 | Tópico: Sonetos

E veio o vento bater em minha porta.
Eu, inocente, abri sem constrangimento.
_ Posso entrar um pouco? – Perguntou-me o vento. –
_ Sim! Mas a casa é simples; se não se importa.
Ele entrou impávido, num torvelinho
Revirou a sala, varreu a cozinha,
Soprou meus poemas da escrivaninha,
Deixou minhas certezas em desalinho.
Depois, num rompante, saltou a janela,
Uivou no terreiro, bateu a cancela,
Quebrou a roseira que eu amava tanto.
Fiquei à soleira, mudo, entristecido,
Porque constatei que o vento bandido,
Levou-me a inocência, deixou-me o espanto.


Frederico Salvo

(republicado)



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