
IMPERIOSO
Data 01/10/2009 18:27:53 | Tópico: Poemas -> Introspecção
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No meio das águas aquela pedra despida pela lua vai ou tão mais nua do que eu, mar adentro. Não há razão que sobeje a um dia de chuva nem préstimo que valha a razão que julguei ser minha.
Caem inabalavelmente as gotas desprezando qualquer filosofia até agora adjacente ao meu modo de pensar, que sempre tive em crer ser bastante perspicaz.
Molham-se estradas, confinando o pensamento para a sem razão de minha limitada pessoa. Assim conformo-me com a grandeza da natureza, que e a si mesma se basta, como a um trovão ao longe.
Entrego-me à sorte diluviana e prestando atenção nos vidros, o que vejo é só uma ilusão criada por mim.
Aqui não cabe filosofia ou teologia alguma: chove porque chove e assim está certo e assim tem de ser.
Gradualmente a chuva vai cessando e eu sinto-me limpo por dentro, porque nada impus nem tive propósito.
Até que da natureza, enfim, compreendi a sua absoluta obrigação: pretérito mais do que perfeito…
Jorge Humberto 30/09/09
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