VIDA URBANA.

Data 02/10/2009 18:36:44 | Tópico: Textos

Fim de tarde, entrei naquela solitária e rotineira caminhada pronta a observar.
Uma alameda no caos urbano, caminhar beirando um canteiro de uma movimentada avenida.

Aparentemente um lugar sem natureza viva, caminhei na velocidade do observar, na perspectiva do ver, na expectativa do sentir.
E senti o cheiro da terra molhada num dia de sol escaldante, era só um jardineiro no canteiro central as plantas a regar, lindas roseiras brotadas do asfalto, não havia visto antes.

Vi corpos atléticos a correr, outros não tão atléticos em lento caminhar, sobre cada um, a aura de sua particular historia.
No meio fio do canteiro a servi-se de lixeira, latas vazias de refrigerantes, pontas de cigarros, papeis; e uma senhora de farda azul a varrer, na tentativa de um infinito limpar.

Ouvi burburinho de gentes, misturado ao grito em estresse das buzinas, arranques de motores,pedido de socorro em sirene da ambulância, e um helicóptero policial em voo, a alertar o perigo iminente. Bem próximo o chilrear das andorinhas, querendo numa arvore de avenida se agasalhar, parecendo sentir a nevoa translúcida de um fim de tarde, envolvendo o dia em seu escuro lençol.

No alto quase imperceptível a lua a banhar-se da ultima réstia dos raios do sol, a observar o frenético da vida... E a me fazer refletir e sentir no intimo de meu ser, a suada e agradável sensação de ter prestado atenção nos detalhes dos momentos, da mais complexa/simplicidade do pulsar viver.
Lufague.



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