Prisioneiro do tempo

Data 03/10/2009 02:46:02 | Tópico: Poemas -> Introspecção

















Sou prisioneiro do tempo
Percorri antigas vielas de pedras
Onde marchavam legiões romanas
No caminho parou-me um soldado

Estranhou minhas vestes
Indagou a qual tribo eu pertencia
Entre milhares de conquistadores
Serei senhor ou escravo?

Sou prisioneiro do tempo
Com ele naveguei nas marés
Naus vikings ou fenícias galés
Do oriente ao ocidente nórdico

Sou prisioneiro do tempo
Lutei em batalhas históricas
Atravessei épocas, epopeias
Da tragédia grega ao circo romano

Sou prisioneiro do tempo
No Monte das Oliveiras
Testemunhei o suplício de Cristo
E chorei na Via Sacra do Messias

Sou prisioneiro do tempo
Fui com Polo até Gêngis Khan na China
Com Colombo ingressei no novo mundo
Nas caravelas portuguesas cheguei à Índia

Sou prisioneiro do tempo
Do absolutismo à sangrenta cruzada
Da inquisição à reforma de Lutero
Do iluminismo a queda da Bastilha

Sou prisioneiro do tempo
Do fim do regime feudal
Ao surgimento da revolução industrial
Do trem a vapor ao colonial domínio

Sou prisioneiro do tempo
No século XX, vi aumentar a intolerância
Do extermínio de milhões do povo judaico
Da bomba de Hiroshima às prisões da Sibéria

Sou prisioneiro do tempo
Vi o genocídio de coreanos e vietnamitas,
Refugiados bósnios, africanos, curdos
Nas lutas separatistas e por ódio étnico

Como prisioneiro do tempo
Com as amarras nos ciclos históricos
Sofro ante a repetição dos dramas humanos
Onde não se pode culpar o tempo tampouco o destino.

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em agosto de 2009.



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