Metamorfose por assim dizer

Data 03/10/2009 14:53:19 | Tópico: Poemas

escuta-se ao longe o balancear do casulo,
na noite perdida que desperta,
deitada nas ligaduras humidificadas
da minha própria carne.

quebram-se teias
vagidos partos
lide prantos dilacerantes
alambiques da noite e do dia

gineceu que estremece!

abrem-se pétalas,
a copularem na lua crescente
entre sombras e nácares asas,
a perfeita coincidência da refracção e do pigmento cálamo
que a vida move, espalha, desordena
ao desdobrar-se na presença das cores nascidas.

A zona possível de duas realidades
vestígio desintegrado,
algo deslizante que se impregna
como as líquidas substâncias
de qualquer brotado que flui
para ser uma qualquer crisálide
que se levanta em voos de razos.
Para cumprir o seu único destino:
abrasar o mundo, possui-lo e fecundá-lo
começar a devorá-lo, devorando-se.



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