Desperto de um sono de mil anos

Data 23/06/2007 09:51:06 | Tópico: Poemas

Desperto de um sono de mil anos
com pálpebras cozidas com agulhas de saca
ao âmago virulento das palavras.
De quimeras embrulhadas em ventos e ciclones
no traçado de lonjuras secas de planos.

Acordo vinda do frio com os músculos hirtos
e os gestos quebradiços, corrompidos nos tojos
densos com que tecemos abraços de moluscos
apodrecidos por dentro de algibeiras.

Regurgito de um sonho verde, dormido à sombra
de penumbras farpadas a um mar de chumbo
e de vagas moribundas, sempre alteradas.

Espreguiço os sentidos à luz do novo dia,
purgo-me de ti,
bolino-me por dentro, no ressaibo e no revezo
do gosto e do pasto da noite da utopia.

Ressuscito por fim, no mastigo de rosas ácidas.



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