Descarnado de sonhos ...

Data 23/06/2007 15:29:37 | Tópico: Poemas

Vejo-te na contraluz de um tempo escasso,
denso, comprimido num embolo sem sentido,
em que a luz do dia se liberta mitigada
às sombras esconsas das luas geladas p'la madrugada.

Vejo-te descarnado de sonhos, desventrado d’afectos,
a enganar no sono adormecido em rios putrefactos,
a inconstância, o vazio, com que pintas a solidão
fantochada de aplausos de felicidade.

Na infidelidade de ti, mastigas ilusões de palcos fartos
em sinopses confusas e plateias delirantes.
Sintetizas lágrimas e salivas em mesoterapias agudas
de voragens frias, no apupo do desalento.

Vejo-te assim. E, contudo, sei-te basto, sei-te cheio,
compacto de ternuras e sentimentos. E, por ti, lamento!



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