LEMBRA-TE, HOMEM, QUE ÉS PÓ...

Data 07/10/2009 11:59:26 | Tópico: Sonetos

arde-me nos olhos o fumo esvaído
dum cigarro em riste que gasto, ausente
de mim mesmo triste, gesto displicente
ao queimar da vida, e dela distraído

sigo o desfalecer do nada que sou,
entrego-me às cinzas, queimando comigo
as páginas lisas onde meu castigo
se escreveu de cor no papel que vou

dar de testemunho a quem me seguir
as pisadas breves em busca do nada,
escondendo as sebes que me flagelaram,

pois que da empresa, nem por atingir,
o melhor é o sonho que em si a guarda...
na terra deponho vestes que me alaram!

escrito em comentário-sob-inspiração de Júlio Saraiva, em "Auto Retrato" - http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=98574



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