
Cento e onze palavras
Data 11/10/2009 20:38:03 | Tópico: Poemas
| Não sei contar as palavras, mas sei que são cento e onze têm que ser cento e onze, não podem ter outro número porque são apenas palavras, libertas, perdidas e magoadas que sofrem de um silêncio transparente que ninguém vê que ninguém lê, e são sempre palavras, as mesmas palavras descobertas, fechadas, caídas ou abertas, são sempre as mesmas palavras feitas do mesmo mistério, do mesmo riso e até da mesma histeria que brindam cada olhar. Há sempre um novo olhar. Mas as palavras continuam a ser as mesmas – cento e onze palavras!
Conta comigo as palavras, do princípio até ao fim conta-as com cuidado, devagarinho, para que não te enganes e quando as contas, as palavras, sempre as mesmas, estás pertinho de mim mergulhada na minha secreta essência sem que te apercebas é que em cada palavra há um bocado de alma e, com calma, talvez a sintas talvez lhe toques ou oiças o murmúrio do avesso que se esconde assim tão perto do longe. É que, na verdade, não há longe, mas apenas palavras. Agarra este papel e guarda-o. Contem a mensagem para mais tarde decifrares nele, o papel, estão mais que palavras estão os teus caminhos traçados. Amanhã estarás de novo envolvida nesta mensagem, atordoada, mas não convencida não saberás se contaste cento e onze palavras ou se leste a verdadeira mensagem não te deites por perdida, que ambas encontrarás, nas palavras que têm vida há muitas que nos enganam, mas só estas cento e onze palavras merecem homenagem!
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