«« O Inverno que tarda ««

Data 13/10/2009 10:01:04 | Tópico: Sonetos

Desmembras-te em fissuras de sal
Aqui e ali socalcos macios recordam a água
Ai de ti que tentas disfarçar a mingua
Como quem se despe do fel e do mal

A terra em Outubro é assim afinal
O chão ressequido lembra uma tábua
Onde se espreguiça a formosa lua
Provocando o sol que cobre o beiral

Deste Alentejo ardente em dor
Os sobreiros gemem chamando a chuva
As gentes gritam em silencio o pavor

O Inverno que tarda, e o vento não muda
As chuvas não caem, a terra envelhece
Bramemos aos santos, algum que lhe acuda

Antónia Ruivo


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